“Nossa defesa não é de um governo, mas sim da democracia”, diz presidenta da UNE
Presença permanente nas manifestações contra o impeachment de Dilma Rousseff, a presidenta da União Nacional dos Estudantes, Carina Vitral, de 26 anos, afirma que não é a favor do governo, mas contra a legitimidade do impeachment. Em entrevista nessa terça-feira (26) ao programa Espaço Público, da TV Brasil, ela disse que as manobras feitas para retirar uma presidenta do poder provocam danos ao país.
“Os movimentos seguem nas ruas para contrapor o que acontece no Congresso Nacional e para derrotar politicamente o impeachment. A gente mesmo [da UNE] tem várias críticas na área da educação, do programa de governo e do que foi esse segundo mandato da presidente Dilma. Mas a gente acha errado ‘impichar’ [afastar por meio de impeachment] uma presidente sem que haja crime de responsabilidade, sem que haja prova”, afirmou.
O processo de impeachment foi aceito na Câmara, por 367 votos a 137, e agora está em discussão na comissão especial do Senado.
Carina é contrária a eleições gerais e afirma que defender isso é legitimar democraticamente um golpe. “É dar o verniz democrático que eles precisam para o golpe fajuto”, destacou. Ela acrescenta que a condução do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deslegitima o processo.
“Dilma foi torturada na ditadura e torturada na democracia. O que é Jair Bolsonaro dedicar o voto dele ao torturador da Dilma?”, questionou Carina. No momento do voto na sessão de votação, na Câmara, da admissibilidade do impeachment de Dilma, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-R) exaltou a ditadura militar e a memória do coronel Carlos Brilhante Ustra – um dos chefes do DOI-Codi em São Paulo, local onde diversos presos políticos foram torturados.
A estudante criticou duramente os líderes dos movimentos a favor do impeachment de Dilma, os quais chamou de líderes fakes. “Acho que são líderes montados e colocados ali pra tentar conquistar a juventude que não foi pra rua nas passeatas da direita”. Carina disse ainda que, nas passeatas contra a Dilma, não há jovens e que a maioria dos manifestantes tem mais de 40 anos e formação universitária.
Educação
Para ela, é preciso mobilizar o governo e o Congresso para mais ações que beneficiem as camadas mais pobres e excluídas, a implantação do Plano Nacional de Educação, valorização do Programa Universidade para Todos (Prouni) e do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Em uma avaliação dos avanços na área educacional na última década, Carina Vitral cita a criação de novas universidades, a Lei das Cotas e a implantação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que tem se consolidado como alternativa ao vestibular.
O programa Espaço Público vai ao ar, toda terça-feira, às 23h, na TV Brasil.
UNE convoca ”Dia Nacional de Paralisação pela Democracia” para esta quinta
Ações acontecerão dentro e fora das universidades para dizer não ao golpe
Ruas e universidades de todo país serão palco de uma série de manifestações nesta quinta-feira (28) com o objetivo é denunciar uma ruptura constitucional e democrática no país, “um golpe”, como destaca o documento aprovado pelos diretores da União Nacional dos Estudantes e divulgado na semana passada.
O ”Dia Nacional de Paralisação nas Universidades em Defesa da Democracia” é organizado em parceria com as centenas de comitês universitários de resistência democrática que foram construídos dentro das instituições e têm promovido diversas atividades desde que o golpe avançou no país.
O diretor de comunicação da UNE, Mateus Weber, afirma que os estudantes vão mostrar sua força nas ruas. ”Nós vimos a aberração que foi a votação no último dia 17. A democracia não está ligada à defesa de governos, mas a gente acredita que esse processo de impeachment vai ferir diretamente os programas sociais e todas as conquistas dos últimos anos. Por isso a juventude vai pra rua para dizer que não aceita esse golpe que o Congresso está tramando”, disse.
Estão programadas manifestações nos restaurantes universitários, na porta das faculdades, atos nas salas de aula, atividades culturais, marchas, aulas públicas e assembleias que devem mobilizar toda a comunidade acadêmica de estudantes, professores, funcionários e técnicos-administrativos.
CUNHA CORRUPTO, TEMER CONSPIRADOR
Para os estudantes, o processo de impeachment não tem base legal e, além disso, é ilegítimo por ter sido conduzido na Câmara dos Deputados pelo réu e corrupto Eduardo Cunha, além de tramado pelo vice-presidente Michel Temer, “que conspira e quer levar adiante um projeto extremamente conservador e atrasado, com uma agenda neoliberal radical.”
“Enfrentaremos cada batalha contra o golpe institucional, inclusive no Senado Federal. Porém, caso esse cenário se confirme, a União Nacional dos Estudantes não reconhecerá a presidência da república. O vice-presidente não tem legitimidade porque assumirá o governo através de um golpe institucional, no qual é um dos maiores conspiradores.”, reforça o texto divulgado pela UNE.
Região Sul:
Santa Catarina – UDESC, UFSC e IFSC irão fechar a entrada das instituições e realizar passeatas.
Paraná – Na UFPR haverá um ato no prédio da Reitoria. A Unila será fechada.
Rio Grande do Sul – Passeata da UFRGS
Região Sudeste:
Rio de Janeiro – Manifestação no prédio da Faculdade Nacional de Direito (UFRJ)
São Paulo – UNICAMP receberá a caravana da UEE
Região Centro-oeste:
Goiás – Ato na PUC e UFG
Distrito Federal – Assembleia Geral com 15 cursos na UnB
Região Nordeste:
Pernambuco – UFPE, UFRPE e UPE paralisarão as atividades
Ceará – UFC paralisará as atividades, Unifor terá passeata
Região Norte:
Maranhão- Estácio, CEUMA e FACAM realizarão passeata unificada
Pará – Assembleia dos estudantes da UFPA e UEPA
Notícia colhida no sítio http://www.une.org.br/noticias/une-convoca-dia-nacional-de-paralisacao-pela-democracia-para-esta-quinta/