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Por 12:17 Sem categoria

Modelo de atendimento nos bancos gera mais filas para a população

Se as pessoas hoje estão perdendo mais tempo nas filas dos bancos a culpa não é do trabalhador bancário, mas sim de uma política adotada pelas instituições financeiras na busca de obter mais lucro.

Dentro dessa estratégia dos bancos para obter lucros cada vez mais altos, vem o fechamento locais de atendimento e redução do número de trabalhadores. Entre 2019 e 2020, os cinco maiores bancos do País encerraram as atividades de um total de 1.364 agências bancárias e demitiram 12.874 trabalhadores. Na base territorial do Sindicato dos Bancários de Londrina e Região foram fechadas quatro agências do Bradesco, duas do Banco Itaú, duas do Santander, duas da Caixa Econômica Federal e uma do Banco do Brasil, o que resultou no fechamento de 560 postos de trabalho bancário.

Dizem que houve uma grande migração dos clientes para os aplicativos digitais e que todo esse processo é consequência da inserção das novas tecnologias no ramo financeiro. Mas será que isso melhorou o atendimento das inúmeras pessoas que ainda precisam e buscam serviços presenciais para realizar suas operações bancárias?

Se olharmos para o ranking de reclamações do Banco Central do Brasil observaremos que no primeiro trimestre de 2019 os bancos tradicionais lideravam esse ranqueamento. O Banco Santander ocupou o topo da lista de demandas apresentadas pelos clientes com índice de reclamações procedentes de 25,93 e um número de 1.135 reclamações reguladas procedentes para um universo de 43.755.213 clientes. Logo em seguida vinham o Bradesco e a Caixa. O primeiro banco digital a figurar no ranking era o NUBANK, mas em 12º lugar

Ao observar o ranking do BC de 2020, que é o período em que se verifica a redução de postos de atendimento e de trabalhadores bancários, com aumento da digitalização, o primeiro colocado é uma instituição financeira que faz propaganda como banco digital, o Banco Inter.  O Inter ficou com um índice de reclamações procedentes de 163,51 e um número de 780 reclamações procedentes em um universo de 4.770.298. O Santander aparece em quarto lugar, com um aumento no seu índice (26,32), bem como nas reclamações (1.283). Nos demais bancos tradicionais as reclamações continuam no mesmo patamar, ou seja, a digitalização e a diminuição de pontos de atendimento, assim como de bancários nas agências não melhorou os serviços para os clientes.

Quando olharmos para o período de início da pandemia, verificamos que houve a implantação de medidas restritivas para atendimento presencial e os trabalhadores tiveram que ir para trabalho remoto ou ficar em banco de horas por serem pessoas do grupo de risco de contágio da Covid-19.

Com a diminuição de pessoal para realizar as tarefas do dia-a-dia do trabalho bancário, aqueles que permaneceram nos bancos ficaram cada vez mais sobrecarregados de serviços, pois o número de clientes aumentou em todas as instituições sem ter o devido acompanhamento nas contratações. Essa sobrecarga de trabalho tem provocado o adoecimento desses trabalhadores. Infelizmente, os bancos se mostram insensíveis para essa situação por estarem focados tão somente na busca do aumento dos seus lucros, adotando uma política de exploração cada vez maior dos trabalhadores e uma diminuição do atendimento ao cliente presencial. Estes, por sua vez que muitas vezes vão a uma agência apenas para realizar transações de intermediação financeira e não para comprar produtos (seguros de vida, títulos de capitalização, planos previdência privada etc.).

E por conta dessa prática, muitas vezes o cliente ou usuário de uma instituição financeira se sente prejudicado pela demora no atendimento, mas não sabe que a culpa não está no trabalhador bancário, mas sim no banqueiro, que em sua ótica quer lucrar cada vez mais sobre cada um dos seus milhares de clientes. Mas se estes não adquirem nenhum produto, são direcionados para outro banco ou então para um correspondente bancário conveniado, onde a prática da exploração também será adotada para tirar o máximo de produção de cada.

Texto: Laurito Porto de Lira Filho, diretor do Sindicato de Londrina

Fonte: Vida Bancária

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