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Por 14:58 Notícias

Privatização das escolas públicas no Paraná ameaça educação e pode se espalhar pelo país

Logo depois dos resultados das eleições, o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), abriu edital para grupos empresariais dispostos a assumirem a gestão de 27 escolas da rede estadual. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), em nota, afirma que é “um projeto-piloto para o que está por vir: o fim da escola pública”.

“Nós avisamos. As urnas eletrônicas mal esfriaram e Ratinho Júnior já confirmou as previsões da APP durante o processo eleitoral: pé na porta da escola pública, assalto por grandes empresas ao dinheiro do Estado, fim da gestão democrática e ampla terceirização do serviço público e seus(suas) trabalhadores(as)”, diz trecho do documento.

O projeto chamado Parceiro da Escola tem a missão de contratar empresas para fazer “o gerenciamento da área administrativa, financeira e estrutural, além da supervisão e apoio na gestão pedagógica das Instituições de Ensino” porque, segundo o governo, a secretaria de educação não vai dar conta de cuidar das mais de duas mil escolas do estado.

A funcionária de escola e diretora executiva educacional na App Sindicato, Nádia Brixner, relata que os sindicalistas da entidade ainda continuam estudando o edital e ficando cada vez mais estarrecidos. “A Secretaria de Educação tem 76 anos e tem referências nacionais no projeto da Educação e agora ouvir que não consegue mais dar conta das escolas e por isso vai entregar as escolas para empresas privadas fazer toda a gestão da escola é algo que nos estarrece demais”, afirmou.

Segundo uma análise crítica do edital, feito pela APP, compete à credenciada: fornecer e distribuir merenda aos alunos e funcionários das Instituições de Ensino; fornecer uniforme aos aluno; prestar serviços; executar e supervisionar a limpeza, conservação e higiene das áreas internas e externas das Instituições de Ensino; manter a infraestrutura das Instituições de Ensino; e disponibilizar para cada Instituição de Ensino um profissional o qual exercerá a função de Administrador Geral e garantir nas Instituições de Ensino internet.

Será pago o valor de R$800,00 mensais por aluno matriculado na Instituição de Ensino, considerando 12 mensalidades anuais. Se a empresa ofertar a modalidade de ensino integral, será pago sobre o custo do aluno (valor unitário/mês) um adicional de 60% pelo período da oferta. Se realizada obra de infraestrutura, será reembolsada em valor equivalente ao dobro do custo por aluno por 12 meses.

“É a verdadeira privatização das escolas públicas, é entregar o dinheiro público, que deveria ser colocado à disposição de toda comunidade escolar, para grandes conglomerados educacionais que visam o lucro. Além disso, os profissionais que serão contratados por essa empresa, com certeza, não terão formação pedagógica para saber trabalhar em lidar com todas as realidades que acontecem dentro da escola, como nós temos hoje”, explicou.

A nota da APP destaca que não haverá processo licitatório e os requisitos do edital sugerem um jogo de cartas marcadas para beneficiar um grupo seleto que cumpre os critérios.

Nádia ressalta que a privatização que está acontecendo no Paraná não é novidade no país, porque já existem experiências de terceirização nas escolas públicas em diversos estados, o que, segundo ela, é uma brecha para a privatização por completo. Para ela, este retrocesso no Paraná pode sim se espalhar pelo país.

“Com toda certeza esta medida, se der certo, vai ser copiada por diversos outros estados porque o estado do Paraná tem sido um embrião de muitas propostas e metodologias educacionais que vão se espalhando pelo país. Nós sindicalistas não vamos permitir este retrocesso e vamos dialogar com todo mundo para mostrar o quanto este projeto de Ratinho faz mal para toda comunidade escolar e para o país”, explicou.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) vem debatendo a mercatilização do ensino em diversos espaços. Para o presidente da CNTE, Heleno Araújo Filho, a “mercantilização” da educação básica é um processo antigo no Brasil, mas o contexto político e econômico que vivemos pode indicar uma tendência de aceleração. Ele explica que se trata de uma tendência mundial: “A Internacional da Educação fez uma pesquisa que mostra uma tendência de concentração do ensino em 5 empresas no mundo – e elas querem entrar na educação básica para fazer lucro. Nós vamos continuar combatendo essas modalidades de privatização da escola pública pois entendemos que ela retira direitos da população”.

Foto: Wilson Dias/Ag. Brasil

Fonte: CUT

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