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Cid se cala em depoimento à CPI do DF sobre 8 de janeiro

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), voltou a ficar em silêncio durante depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal, nesta quinta-feira (24). Assim, ele repetiu a mesma estratégia adotada um junho, quando também se calou na CPMI do 8 de janeiro, no Congresso Nacional.

Do mesmo modo, ele fez um pronunciamento inicial, mas disse que usaria do seu “direito constitucional” ao silêncio, dada a sua “inequívoca condição de investigado”. E também por orientação do seu advogado, que o acompanhou durante a oitiva.

Em sua fala inicial, ele enunciou suas atribuições como ajudante de Bolsonaro. Dentre elas, receber e entregar “presentes”, e auxiliar nas viagens e finanças pessoais do chefe.

“Na prática, a função do ajudante de ordens consistia basicamente em um serviço de secretariado executivo do ex-presidente. Tendo como exemplo a execução das seguintes tarefas: execução da agenda, recepção e encaminhamento de pessoas ou autoridades para as reuniões, atendimento de ligações e recebimento de correspondências, impressão de documentos, recebimento e entrega de presentes e auxiliar nas atividades particulares do ex-presidente, como almoços, viagens e finanças pessoais”, afirmou Mauro Cid.

Cid está preso desde o dia 3 de maio, acusado de envolvimento em um esquema de falsificação de cartões de vacina. Os investigadores da Polícia Federal (PF) apreenderam seu celular e encontraram conversas e conteúdos de cunho golpista. Além disso, acharam também mensagens que apontam para o seu envolvimento no esquema de venda ilegal de joias que Bolsonaro recebeu de autoridades estrangeiras.

‘Silêncio elucidativo’

O presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), reafirmou o direito do depoente ao silêncio, mas tratou de questioná-lo, da mesma maneira. Ele questionou o militar sobre desde quando conhecia a família Bolsonaro, seu convívio com eles e se mantinha vínculos de amizade.

Vigilante também quis saber se Cid participou ou planejou ações para divulgação de fake news, se participou de algum tipo de pressão à cúpula das Forças Armadas para apoiarem planos golpistas. E também se poderia explicar como foi a participação no esquema de venda das joias recebidas por Bolsonaro. Fardado, assim como na CPMI, ele, tenente-coronel, se calou.

Ele repetiu o comportamento quando perguntado sobre as movimentações financeiras, com a entrada de R$ 4,5 milhões em contas de sua titularidade e tendo renda declarada no mesmo período de apenas R$ 956 mil. Até mesmo quando perguntado se estaria disposto a fazer algum ato para salvar sua carreira militar, já que seria expulso do exército em caso de condenação, Mauro Cid decidiu ficar em silêncio.

Ao fim dos questionamentos, Vigilante reafirmou que “o silêncio também fala”. “O senhor não respondeu nenhuma das perguntas. O silêncio foi bastante elucidativo para todos nós”, declarou.

Também nesta quinta, a CPMI do 8 de janeiro aprovou a reconvocação de Cid. A decisão ocorreu após revelações de que ele não apenas na vendeu joias que Bolsonaro recebeu, como atuou para recomprar um relógio Rolex, de modo a apagar pistas do crime. A data do novo depoimento ainda não foi marcada, e a tendência é que ele repita, mais uma vez, a estratégia do silêncio.

Foto: Rinaldo Morelli/Agência CLDF

Fonte: RBA

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