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Por 13:39 Notícias

‘Todas as vezes que trouxe verdades, fui censurado’, diz deputado Renato Freitas

O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) decidiu ontem (6) pela permanência do deputado estadual Renato Freitas (PT) em seu cargo. O jovem negro, advogado de origem humilde, é uma liderança representativa de Curitiba. Desde seu ingresso na carreira política, encontra dificuldades e perseguições. “Todas as vezes que trouxe verdades, fui censurado”, disse, em sessão que garantiu seu mandato em mais um pedido de cassação. Desta vez, por chamar o presidente da Alep de corrupto.

Ademar Traiano (PSD), presidente da Casa, enfrenta ação penal que corre em segredo de Justiça. Os detalhes do processo correm em segredo por determinação da juíza Giani Maria Moreschi, do Tribunal de Justiça do Paraná. Trata-se de um órgão do Judiciário que nutre relações com estruturas relacionadas, inclusive, ao ex-juiz federal da região, ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) e atual senador Sergio Moro (União Brasil).

Renato Freitas, voz solitária

Neste ambiente inóspito, Freitas atacou Traiano durante uma reunião ordinária. Então, o presidente da Alep cortou seu microfone antes de terminar seu tempo regimental assegurado por lei. “Após ser interrompido por ato contrário ao regimento da Casa, disse que o presidente da Casa não era rei. Nenhum deputado é rei. E fui injuriado, disseram que meu cabelo era ruim, que eu tinha piolho”, disse, citando agressões verbais de conservadores que ocupavam os corredores da Alep.

“Depois de censurado, repeti (o discurso). Além dele não ser rei, não é bom exemplo de deputado. Pois, corrupto. Mas um dia, girou. Hoje digo com provas. O presidente da Casa assinou e confessou crime de corrupção. Então, corrupto é”, completou Freitas.

Histórico de luta

O processo não é o primeiro que ele enfrentou na Comissão de Ética da Alep. Freitas é um jovem negro que luta para manter sua representação em meio a um dos estados mais conservadores do país. Enquanto vereador de Curitiba, chegou a ter seu mandato cassado pela Câmara da cidade, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) garantiu seu cargo em decisão liminar.

À época, a maioria dos vereadores da cidade decidiu que ele deveria deixar a Casa por protestar contra a morte do congolês Moïse Kabagambe na igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Mesmo organizações católicas que controlam o templo manifestaram defesa pública ao jovem.

Dois anos depois de assumir como vereador de Curitiba, nas últimas eleições, de 2022, Freitas foi eleito como um dos deputados estaduais mais votados do Paraná. Mais de 57 mil paranaenses depositaram a confiança em sua promissora liderança.

Contudo, sua atuação segue alvo certeiro dos conservadores. “Seis são os processos que já respondi nessa Casa. O primeiro, com menos de um mês de Casa, porque revelei números de assassinatos da PM (…) Logo depois, disse que aqui na Alep havia e há corrupção, infelizmente. Um delegado me acionou na Comissão de Ética. Acredito que depois de tantas reportagens, explicações sejam desnecessárias”, disse.

Mandato garantido

Este último processo de Freitas contou com a relatoria do deputado conservador Matheu Vermelho (PP). A decisão dele não fugiu muito do esperado, contudo, apresentou tons mais moderados. O parlamentar aprovou uma condenação a Freitas. Contudo, decidiu por uma punição mais branda. O jovem petista receberá uma advertência, para que não repita algo do tipo.

Ainda assim, Freitas contra-argumentou sobre a decisão. Ele rebateu ao dizer que seus algozes sim, possuem processos em andamento na Justiça. “Consegui provar que Traiano é de fato corrupto juntando ao processo uma confissão do próprio num acordo que estabeleceu com o Ministério Público, após receber 100 mil reais em propina”, disse.

Foto: Carlos Costa / CMC

Fonte: RBA

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