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LULA VAI OFERECER US$ 400 MILHÕES CUBA

Valor
Cristiano Romero, De Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará Cuba, na próxima semana, levando na bagagem mais do que um discurso de amizade ao presidente Fidel Castro. Lula anunciará, em Havana, a concessão de uma linha de crédito de US$ 400 milhões em recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O dinheiro será usado para financiar exportações de empresas brasileiras para aquele país.
O comércio entre os dois países é bastante limitado. Em 2001, o ano mais importante das trocas comerciais entre as duas economias, o Brasil exportou US$ 120 milhões e importou US$ 14 milhões. No ano passado, as vendas brasileiras caíram para US$ 95 milhões e as compras, para US$ 10 milhões.
O Brasil exporta para Cuba principalmente carne de frango, sapatos e maquinas agrícolas e importa medicamentos, especialmente, vacinas. Agora, o país deve começar a vender autopeças de ônibus e caminhões.
A expectativa é que a visita do presidente brasileiro inicie uma nova fase no relacionamento entre as duas nações. “Com a eleição de Lula, começa uma nova relação com Cuba, que é um mercado importante, com quase 12 milhões de consumidores e dois milhões de turistas estrangeiros visitando a ilha todo ano”, comentou o empresário Pedro Camelo Filho, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Cuba.
A Câmara promoverá no dia 27, um dia após a chegada de Lula a Havana, seminário sobre comércio e investimentos entre os dois países. O evento será encerrado por Lula e Fidel Castro e contará com a participação de empresários brasileiros pesos pesados. Já confirmaram presença representantes da Odebrecht, da Camargo Corrêa, da Perdigão, da Fiat e da Souza Cruz.
A visita de Lula tem um caráter sentimental forte. O presidente brasileiro é amigo de Fidel Castro desde o início dos anos 80. Além disso, integrantes do governo, como o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o assessor especial do presidente, Frei Betto, têm ligações históricas com Cuba. Dirceu viveu no país durante o exílio e o considera sua segunda pátria. Frei Betto escreveu o best-seller “Fidel e a Religião” e aproximou Lula do presidente cubano.
Rumores de que o presidente brasileiro terá um encontro com a oposição cubana não foram confirmados ontem pelo Itamaraty. Não se sabe nem mesmo se Lula fará alguma menção, em seus discursos, à questão da democracia em Cuba. Desde que Fidel Castro ordenou, no início do ano, a execução de três dissidentes que seqüestraram um barco para fugir do país, o regime cubano vem perdendo apoio internacional.
O presidente brasileiro vai aproveitar a viagem para assinar acordos de cooperação e para estreitar as relações comerciais e econômicas. Em sua estratégia de aproximação com países sul-americanos, Lula vem usando o BNDES, principalmente, em benefício dos países com dificuldades de acesso ao crédito internacional. Na Argentina, o presidente brasileiro prometeu abrir linha de US$ 1 bilhão. O mesmo montante foi prometido recentemente à Venezuela.
O crédito de US$ 400 milhões é ainda mais importante para Cuba por causa do isolamento econômico sofrido pela ilha em função do embargo imposto pelos Estados Unidos há mais de 40 anos. Além disso, Cuba não é membro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e foi expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA) na década de 60, em decorrência da chamada “crise dos mísseis”, em 1962.
Durante o evento empresarial organizado pela câmara, duas empresas brasileiras – a Busscar e a Yolanda Participações, subsidiária da Souza Cruz – vão falar de seus rentáveis investimentos em Cuba. Numa associação com a empresa cubana Unicamoto, a Busscar, de Santa Catarina, está fabricando, há quatro anos, ônibus para Cuba e outros mercados do Caribe e da América Central.
O caso da Souza Cruz é mais antigo. A multinacional inglesa, por meio de sua subsidiária brasileira, iniciou entendimentos com o governo cubano em 1992 para instalar uma planta no país. Depois de quatro anos de negociações, nasceu a fabricante de cigarros Brascuba, uma joint- venture entre a Souza Cruz e a empresa estatal cubana Uneta.
Lucrativa desde o primeiro ano de operação, a Brascuba faturou US$ 20 milhões no ano passado. O governo cubano a considera uma “associação-modelo” porque, de seus 250 funcionários, apenas três são brasileiros. Outra vantagem para Cuba: a empresa atua apenas no “mercado em divisas” do país.
A ilha caribenha tem, na prática, duas moedas: o dólar e o peso cubano. Como os cigarros da Souza Cruz são comprados apenas por dólares, principalmente, dos turistas, Cuba ganha divisas com as vendas da companhia de cigarros. As exportações da Brascuba ainda são bastante modestas. Equivalem a menos de um terço da produção da empresa, mas o plano, segundo informou o vice-presidente da Souza Cruz, Milton Cabral, é expandir as vendas.
Recentemente, o governo cubano concedeu à Brascuba o uso de duas marcas de charuto cansagradas no mercado mundial: “Romeo e Julieta” e “Cohiba”. As duas estão sendo usadas em cigarros exportados para o mercado europeu.

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LULA VAI OFERECER US$ 400 MILHÕES CUBA

Valor
Cristiano Romero, De Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará Cuba, na próxima semana, levando na bagagem mais do que um discurso de amizade ao presidente Fidel Castro. Lula anunciará, em Havana, a concessão de uma linha de crédito de US$ 400 milhões em recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O dinheiro será usado para financiar exportações de empresas brasileiras para aquele país.

O comércio entre os dois países é bastante limitado. Em 2001, o ano mais importante das trocas comerciais entre as duas economias, o Brasil exportou US$ 120 milhões e importou US$ 14 milhões. No ano passado, as vendas brasileiras caíram para US$ 95 milhões e as compras, para US$ 10 milhões.

O Brasil exporta para Cuba principalmente carne de frango, sapatos e maquinas agrícolas e importa medicamentos, especialmente, vacinas. Agora, o país deve começar a vender autopeças de ônibus e caminhões.

A expectativa é que a visita do presidente brasileiro inicie uma nova fase no relacionamento entre as duas nações. “Com a eleição de Lula, começa uma nova relação com Cuba, que é um mercado importante, com quase 12 milhões de consumidores e dois milhões de turistas estrangeiros visitando a ilha todo ano”, comentou o empresário Pedro Camelo Filho, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Cuba.

A Câmara promoverá no dia 27, um dia após a chegada de Lula a Havana, seminário sobre comércio e investimentos entre os dois países. O evento será encerrado por Lula e Fidel Castro e contará com a participação de empresários brasileiros pesos pesados. Já confirmaram presença representantes da Odebrecht, da Camargo Corrêa, da Perdigão, da Fiat e da Souza Cruz.

A visita de Lula tem um caráter sentimental forte. O presidente brasileiro é amigo de Fidel Castro desde o início dos anos 80. Além disso, integrantes do governo, como o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o assessor especial do presidente, Frei Betto, têm ligações históricas com Cuba. Dirceu viveu no país durante o exílio e o considera sua segunda pátria. Frei Betto escreveu o best-seller “Fidel e a Religião” e aproximou Lula do presidente cubano.

Rumores de que o presidente brasileiro terá um encontro com a oposição cubana não foram confirmados ontem pelo Itamaraty. Não se sabe nem mesmo se Lula fará alguma menção, em seus discursos, à questão da democracia em Cuba. Desde que Fidel Castro ordenou, no início do ano, a execução de três dissidentes que seqüestraram um barco para fugir do país, o regime cubano vem perdendo apoio internacional.

O presidente brasileiro vai aproveitar a viagem para assinar acordos de cooperação e para estreitar as relações comerciais e econômicas. Em sua estratégia de aproximação com países sul-americanos, Lula vem usando o BNDES, principalmente, em benefício dos países com dificuldades de acesso ao crédito internacional. Na Argentina, o presidente brasileiro prometeu abrir linha de US$ 1 bilhão. O mesmo montante foi prometido recentemente à Venezuela.

O crédito de US$ 400 milhões é ainda mais importante para Cuba por causa do isolamento econômico sofrido pela ilha em função do embargo imposto pelos Estados Unidos há mais de 40 anos. Além disso, Cuba não é membro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e foi expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA) na década de 60, em decorrência da chamada “crise dos mísseis”, em 1962.

Durante o evento empresarial organizado pela câmara, duas empresas brasileiras – a Busscar e a Yolanda Participações, subsidiária da Souza Cruz – vão falar de seus rentáveis investimentos em Cuba. Numa associação com a empresa cubana Unicamoto, a Busscar, de Santa Catarina, está fabricando, há quatro anos, ônibus para Cuba e outros mercados do Caribe e da América Central.

O caso da Souza Cruz é mais antigo. A multinacional inglesa, por meio de sua subsidiária brasileira, iniciou entendimentos com o governo cubano em 1992 para instalar uma planta no país. Depois de quatro anos de negociações, nasceu a fabricante de cigarros Brascuba, uma joint- venture entre a Souza Cruz e a empresa estatal cubana Uneta.

Lucrativa desde o primeiro ano de operação, a Brascuba faturou US$ 20 milhões no ano passado. O governo cubano a considera uma “associação-modelo” porque, de seus 250 funcionários, apenas três são brasileiros. Outra vantagem para Cuba: a empresa atua apenas no “mercado em divisas” do país.

A ilha caribenha tem, na prática, duas moedas: o dólar e o peso cubano. Como os cigarros da Souza Cruz são comprados apenas por dólares, principalmente, dos turistas, Cuba ganha divisas com as vendas da companhia de cigarros. As exportações da Brascuba ainda são bastante modestas. Equivalem a menos de um terço da produção da empresa, mas o plano, segundo informou o vice-presidente da Souza Cruz, Milton Cabral, é expandir as vendas.

Recentemente, o governo cubano concedeu à Brascuba o uso de duas marcas de charuto cansagradas no mercado mundial: “Romeo e Julieta” e “Cohiba”. As duas estão sendo usadas em cigarros exportados para o mercado europeu.

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