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A POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA: A GRANDE NOVIDADE DE 2003

Ano foi negativo para a humanidade, com o papel desempenhado pelos EUA, mas o Brasil passou a surgir como a grande e positiva novidade na política internacional, fazendo prever um cenário mais favorável à resolução negociada, pacífica e justa dos conflitos mundiais.

2003 termina como um ano denso de acontecimentos no mundo. Desde os atentados de 2001 nos Estados Unidos, se aceleraram os conflitos, os enfrentamentos e as tensões no mundo. O ano que termina foi inevitavelmente marcado pela invasão do Iraque pelas tropas dos EUA e da Grã-Bretanha, ocupação que ainda se desdobrará por muito tempo. Pelas dimensões do projeto imperial norte-americano e pelas dificuldades que encontra na sua implementação, seria difícil que o cenário mundial não fosse marcado pelo epicentro da “guerra infinita” localizado agora no Iraque.

Mas dizíamos há um ano que o ano seria positivo no plano internacional, se o Brasil tivesse um papel protagônico – pelo que prometia a política exterior do novo governo – e seria negativo se os EUA fossem o grande protagonista. Pode-se dizer que esta segunda possibilidade triunfou, fazendo do ano um ano negativo para a humanidade, porque se levou adiante a política militarista de resolver pela força unilateral – desta vez atropelando explicitamente as Nações Unidas – os conflitos, agudizando-os. Porém, ao longo do ano, mais especialmente na sua segunda metade, o Brasil passou a surgir como a grande e positiva novidade na política internacional, fazendo prever um cenário mais favorável à resolução negociada, pacífica e justa dos conflitos mundiais.

Não é excessiva auto-referência, porque falar da política externa brasileira é falar de dimensões diferentes, que envolvem muitos outros países e daí sua importância. Em primeiro lugar, envolve a integração latino-americana, que teve um momento decisivo na assinatura, na semana passada, dos acordos do Mercosul com os países do Pacto Andino, em Montevidéu. Com isso se articula um espaço de integração do continente, que por sua vez coloca em melhores condições o continente para negociar a Alca, colocando obstáculos ao projeto norte-americano de avançar mediante acordos bilaterais.

Em segundo lugar, o Grupo dos 20, surgido na reunião de Cancun da OMC, se projeta como o ressurgimento de um movimento que articule o Sul do mundo – isto é, a periferia capitalista -, setor vítima privilegiada da globalização, que contém 80% da população mundial, contando especialmente com países como a Índia, a China, a África do Sul, o México, a Argentina, o Brasil, entre outros. A partir desse Grupo esses países poderão intervir de forma coletiva, com muito mais força, nas negociações dos conflitos mundiais.

Em terceiro lugar, o Brasil coloca o tema da democratização das Nações Unidas, condição para que se possa retomar a construção de um mundo multipolar, superando a hegemonia militar unilateral dos Estados Unidos, que avassala qualquer forma de legalidade internacional.

Por tudo isso e pelo que projeta de novos cenários mundiais, a política externa brasileira surgiu neste ano como a maior novidade positiva na política internacional, como prenhe de alternativas para os que lutam por um outro mundo, pacífico, justo, solidário.

Emir Sader, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de “A vingança da História” (Boitempo Editorial) e “Século XX – Uma biografia não autorizada” (Editora Fundação Perseu Abramo).

Texto extraído de http://agenciacartamaior.uol.com.br.

Por 03:09 Notícias

A POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA: A GRANDE NOVIDADE DE 2003

Ano foi negativo para a humanidade, com o papel desempenhado pelos EUA, mas o Brasil passou a surgir como a grande e positiva novidade na política internacional, fazendo prever um cenário mais favorável à resolução negociada, pacífica e justa dos conflitos mundiais.
2003 termina como um ano denso de acontecimentos no mundo. Desde os atentados de 2001 nos Estados Unidos, se aceleraram os conflitos, os enfrentamentos e as tensões no mundo. O ano que termina foi inevitavelmente marcado pela invasão do Iraque pelas tropas dos EUA e da Grã-Bretanha, ocupação que ainda se desdobrará por muito tempo. Pelas dimensões do projeto imperial norte-americano e pelas dificuldades que encontra na sua implementação, seria difícil que o cenário mundial não fosse marcado pelo epicentro da “guerra infinita” localizado agora no Iraque.
Mas dizíamos há um ano que o ano seria positivo no plano internacional, se o Brasil tivesse um papel protagônico – pelo que prometia a política exterior do novo governo – e seria negativo se os EUA fossem o grande protagonista. Pode-se dizer que esta segunda possibilidade triunfou, fazendo do ano um ano negativo para a humanidade, porque se levou adiante a política militarista de resolver pela força unilateral – desta vez atropelando explicitamente as Nações Unidas – os conflitos, agudizando-os. Porém, ao longo do ano, mais especialmente na sua segunda metade, o Brasil passou a surgir como a grande e positiva novidade na política internacional, fazendo prever um cenário mais favorável à resolução negociada, pacífica e justa dos conflitos mundiais.
Não é excessiva auto-referência, porque falar da política externa brasileira é falar de dimensões diferentes, que envolvem muitos outros países e daí sua importância. Em primeiro lugar, envolve a integração latino-americana, que teve um momento decisivo na assinatura, na semana passada, dos acordos do Mercosul com os países do Pacto Andino, em Montevidéu. Com isso se articula um espaço de integração do continente, que por sua vez coloca em melhores condições o continente para negociar a Alca, colocando obstáculos ao projeto norte-americano de avançar mediante acordos bilaterais.
Em segundo lugar, o Grupo dos 20, surgido na reunião de Cancun da OMC, se projeta como o ressurgimento de um movimento que articule o Sul do mundo – isto é, a periferia capitalista -, setor vítima privilegiada da globalização, que contém 80% da população mundial, contando especialmente com países como a Índia, a China, a África do Sul, o México, a Argentina, o Brasil, entre outros. A partir desse Grupo esses países poderão intervir de forma coletiva, com muito mais força, nas negociações dos conflitos mundiais.
Em terceiro lugar, o Brasil coloca o tema da democratização das Nações Unidas, condição para que se possa retomar a construção de um mundo multipolar, superando a hegemonia militar unilateral dos Estados Unidos, que avassala qualquer forma de legalidade internacional.
Por tudo isso e pelo que projeta de novos cenários mundiais, a política externa brasileira surgiu neste ano como a maior novidade positiva na política internacional, como prenhe de alternativas para os que lutam por um outro mundo, pacífico, justo, solidário.
Emir Sader, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de “A vingança da História” (Boitempo Editorial) e “Século XX – Uma biografia não autorizada” (Editora Fundação Perseu Abramo).
Texto extraído de http://agenciacartamaior.uol.com.br.

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