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INFLAÇÃO EM ALTA DEVE SEGURAR JURO

Valor – Claudia Safatle, De Brasília

Bem mais pessimista com o comportamento da inflação, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), relativa à última reunião – que surpreendeu pela decisão de suspender a redução da taxa básica de juros por um período de tempo -, traz uma minuciosa análise dos indicadores de preços e deixa claro que disparou o “sinal amarelo”: as remarcações de preços de novembro para cá estão mais disseminadas e podem significar um aumento do patamar da inflação.

Uma redução dos juros no curtíssimo prazo, torna-se, assim, remota. “O Copom entendeu que o aumento recente da inflação e das projeções pode não representar somente um fenômeno temporário, como ocorreu em setembro de 2003, mas uma eventual acomodação da inflação em patamares mais elevados”, diz um trecho da ata, que sintetiza a preocupação do comitê.

Ainda que seja um fenômeno passageiro, porém, “o aumento da inflação projetada já recomendaria cautela adicional na condução da política monetária”, assinala. No balanço de riscos – continuar na trajetória de queda dos juros e ter que promover uma subida no meio do caminho ou interrompê-la e prejudicar a retomada do nível de atividade -, pesou mais a primeira hipótese.

“Tendo em vista que existe uma possibilidade concreta de que a inflação volte a se desviar da trajetória de metas, a política monetária deve agir de forma preventiva e particularmente cautelosa para impedir que os reajustes de preços se propaguem pela economia, no contexto atual de recuperação de atividade”, explica a ata da reunião, que manteve os juros básicos em 16,5% ao ano.

Entendeu-se que uma maior cautela agora não trará prejuízos significativos para o processo de recuperação da economia e preservará os ganhos de 2003 no combate à inflação.

Diferente do que ocorreu em setembro, quando também houve subida da inflação, as pressões por reajustes de preços observados em dezembro e esperados para os primeiros meses de 2004 “atingirão a economia em um estágio bastante mais avançado do processo de relaxamento da política monetária e de recuperação das condições de demanda”.

Situação favorável, assim, à reacomodação de preços relativos com impacto sobre o nível geral de preços.

“É importante ressaltar que, mesmo que a inflação retorne à trajetória das metas no médio prazo, se os reajustes provocados por fatores circunstanciais forem maiores e mais duradouros do que originalmente antecipado, a margem de manobra para o cumprimento da meta sofrerá redução logo nos primeiros meses do ano”, assinala a ata, ressaltando que “há evidências capazes de corroborar a interpretação de que pode se tratar de um movimento persistente”.

O comportamento dos núcleos e os resultados parciais de janeiro não indicam arrefecimento da inflação. O aumento no IPA de produtos industriais, que atingiu 0,80% em dezembro, deve pressionar a inflação nos próximos meses, principalmente diante de uma recuperação da economia.

A elevação dos núcleos de inflação “revela que a aceleração de preços nestes dois últimos meses não decorre exclusivamente de fatores sazonais, atingindo grande parte dos itens que compõem os índices”.

A percepção de que há uma disseminação nos reajustes de preços é ratificada pelo aumento da proporção do número de itens que sofreram elevação – de 57%, em novembro, para 64,8% em dezembro.

Outra diferença em relação a setembro do ano passado é que desta vez a inflação está sendo maior nos preços industriais no atacado. Antes, ela foi maior ao consumidor e acompanhada de um forte aumento do IPA-agrícola.

Soma-se a isso o fato de a Sondagem Industrial da FGV de janeiro indicar que 43% das empresas pretendem reajustar os preços ainda no primeiro trimestre. O BC ressalta que há estreita correlação estatística entre as intenções de aumentos de preços e o índice de preços no atacado da indústria de transformação.

A apreciação do real até às vésperas da reunião do Copom seria um contrapeso importante à inflação, mas o comitê avaliou que seus efeitos não seriam tão intensos quanto no passado, por causa da depreciação do dólar em relação a outras moedas relevantes, como o euro e o iene japonês; e porque a recuperação da economia mundial mais a depreciação do dólar têm provocado aumento expressivo no preço das commodities, o que pode já está pressionando os preços no atacado no Brasil”.

Nos exercícios de projeção feitos pelo BC, considerando a trajetória de taxas de câmbio e de juros esperadas pelo mercado na véspera da reunião do Copom, a inflação estimada fica acima da meta de 5,5% em 2004 e acima da meta de 4,5% em 2005.

Houve, ainda, uma reavaliação das projeções de alguns preços este ano. Manteve-se a projeção de 9,5% para o reajuste da gasolina mas, para o gás de bujão, a projeção saltou de 3,5% para 10%. As tarifas de energia elétrica residencial devem ter reajuste de 6,8% e as de telefonia fixa, 6,6%.

Por 10:28 Notícias

INFLAÇÃO EM ALTA DEVE SEGURAR JURO

Valor – Claudia Safatle, De Brasília
Bem mais pessimista com o comportamento da inflação, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), relativa à última reunião – que surpreendeu pela decisão de suspender a redução da taxa básica de juros por um período de tempo -, traz uma minuciosa análise dos indicadores de preços e deixa claro que disparou o “sinal amarelo”: as remarcações de preços de novembro para cá estão mais disseminadas e podem significar um aumento do patamar da inflação.
Uma redução dos juros no curtíssimo prazo, torna-se, assim, remota. “O Copom entendeu que o aumento recente da inflação e das projeções pode não representar somente um fenômeno temporário, como ocorreu em setembro de 2003, mas uma eventual acomodação da inflação em patamares mais elevados”, diz um trecho da ata, que sintetiza a preocupação do comitê.
Ainda que seja um fenômeno passageiro, porém, “o aumento da inflação projetada já recomendaria cautela adicional na condução da política monetária”, assinala. No balanço de riscos – continuar na trajetória de queda dos juros e ter que promover uma subida no meio do caminho ou interrompê-la e prejudicar a retomada do nível de atividade -, pesou mais a primeira hipótese.
“Tendo em vista que existe uma possibilidade concreta de que a inflação volte a se desviar da trajetória de metas, a política monetária deve agir de forma preventiva e particularmente cautelosa para impedir que os reajustes de preços se propaguem pela economia, no contexto atual de recuperação de atividade”, explica a ata da reunião, que manteve os juros básicos em 16,5% ao ano.
Entendeu-se que uma maior cautela agora não trará prejuízos significativos para o processo de recuperação da economia e preservará os ganhos de 2003 no combate à inflação.
Diferente do que ocorreu em setembro, quando também houve subida da inflação, as pressões por reajustes de preços observados em dezembro e esperados para os primeiros meses de 2004 “atingirão a economia em um estágio bastante mais avançado do processo de relaxamento da política monetária e de recuperação das condições de demanda”.
Situação favorável, assim, à reacomodação de preços relativos com impacto sobre o nível geral de preços.
“É importante ressaltar que, mesmo que a inflação retorne à trajetória das metas no médio prazo, se os reajustes provocados por fatores circunstanciais forem maiores e mais duradouros do que originalmente antecipado, a margem de manobra para o cumprimento da meta sofrerá redução logo nos primeiros meses do ano”, assinala a ata, ressaltando que “há evidências capazes de corroborar a interpretação de que pode se tratar de um movimento persistente”.
O comportamento dos núcleos e os resultados parciais de janeiro não indicam arrefecimento da inflação. O aumento no IPA de produtos industriais, que atingiu 0,80% em dezembro, deve pressionar a inflação nos próximos meses, principalmente diante de uma recuperação da economia.
A elevação dos núcleos de inflação “revela que a aceleração de preços nestes dois últimos meses não decorre exclusivamente de fatores sazonais, atingindo grande parte dos itens que compõem os índices”.
A percepção de que há uma disseminação nos reajustes de preços é ratificada pelo aumento da proporção do número de itens que sofreram elevação – de 57%, em novembro, para 64,8% em dezembro.
Outra diferença em relação a setembro do ano passado é que desta vez a inflação está sendo maior nos preços industriais no atacado. Antes, ela foi maior ao consumidor e acompanhada de um forte aumento do IPA-agrícola.
Soma-se a isso o fato de a Sondagem Industrial da FGV de janeiro indicar que 43% das empresas pretendem reajustar os preços ainda no primeiro trimestre. O BC ressalta que há estreita correlação estatística entre as intenções de aumentos de preços e o índice de preços no atacado da indústria de transformação.
A apreciação do real até às vésperas da reunião do Copom seria um contrapeso importante à inflação, mas o comitê avaliou que seus efeitos não seriam tão intensos quanto no passado, por causa da depreciação do dólar em relação a outras moedas relevantes, como o euro e o iene japonês; e porque a recuperação da economia mundial mais a depreciação do dólar têm provocado aumento expressivo no preço das commodities, o que pode já está pressionando os preços no atacado no Brasil”.
Nos exercícios de projeção feitos pelo BC, considerando a trajetória de taxas de câmbio e de juros esperadas pelo mercado na véspera da reunião do Copom, a inflação estimada fica acima da meta de 5,5% em 2004 e acima da meta de 4,5% em 2005.
Houve, ainda, uma reavaliação das projeções de alguns preços este ano. Manteve-se a projeção de 9,5% para o reajuste da gasolina mas, para o gás de bujão, a projeção saltou de 3,5% para 10%. As tarifas de energia elétrica residencial devem ter reajuste de 6,8% e as de telefonia fixa, 6,6%.

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