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SÃO PAULO – Pesquisa da Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade mostra que a pobreza no Brasil, além de uma questão de classe, tem um conteúdo marcadamente racial.
A taxa de desemprego dos negros atingiu este ano 21,3%, patamar bem acima do apresentado pela população não-negra, de 16,9%. Isso quer dizer que apesar de a população negra responder por 30% dos paulistanos, ela participa com 40% do total de desempregado.
Isso não acontecia antes. Durante o período de 1995 a 2003, por exemplo, o total de desempregados cresceu mais para a população não-negra do que para a população negra.
Neste período, o total de desempregados negros elevou-se em 56%, contra 76,2% para os não-negros. Os não-negros que representavam 57% dos desempregados em 1995, hoje participam com 60%.
De acordo com estudo feito entre os ocupados, em 2001, enquanto 51,3% dos negros eram assalariados, para os brancos este percentual chegava a 56,4%.
A distribuição desses grupos no emprego com carteira e sem carteira confirma a inserção precária dos negros no mercado de trabalho.
Enquanto 40,5% dos brancos ocupados estavam em ocupações assalariadas formais, apenas 29,9% dos negros encontravam-se nesta situação.
Por outro lado, nos empregos assalariados sem carteira, a participação dos negros era significativamente maior que a dos brancos, respectivamente, 21,4% e 15,9%.
Essa relação permanece quando o trabalho exige menos qualificação como o trabalho doméstico, que era realizado por 9,6% da população ocupada negra, contra 6,3% no caso dos brancos.
Finalmente, a proporção de negros não-remunerados no total de ocupados era maior do que a dos brancos, 13,9% e 10%, respectivamente.
Paralelamente vale ressaltar, que para o conjunto da população ocupada, enquanto 73,4% recebiam uma renda inferior a 2 salários mínimos, se considerarmos apenas a população negra ocupada, este percentual se situava em 86,4%.
Ainda de acordo com o estudo, enquanto 50% dos negros ocupados no mercado de trabalho vivem em famílias com renda familiar total abaixo de R$ 940,00 (renda familiar média paulistana), este percentual situa-se na faixa de 30% para os não-negros ocupados no mercado de trabalho.
Os negros ocupados no mercado de trabalho tendem a se concentrar, relativamente aos não-negros, nas ocupações de assalariados sem carteira e empregados domésticos, possuindo uma participação inferior à média no total de assalariados com carteira, autônomos e empregadores.
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