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Por 12:53 Notícias

Luta pelas crianças

Caravana vai percorrer 20 mil km de asfalto levando noções de cidadania e conscientizando os motoristas sobre problema, que atinge 30 mil crianças nas rodovias. São 230 rotas de exploração sexual infantil no país.
São Paulo – Mais de dois milhões de caminhoneiros circulam pelas rodovias do Brasil, transportando cerca de 75% de toda a movimentação de mercadorias do país. De forma indireta, o setor emprega outros quatro milhões de trabalhadores. Além de viverem sobre rodas, eles são testemunhas de uma das mais cruéis conseqüências da desigualdade social brasileira: a exploração sexual infantil e de adolescentes na beira das estradas. Calcula-se que, anualmente, 30 mil crianças ligadas de alguma forma à prostituição são transportadas em boléias de caminhões. Passam por caminhos e cidades conhecidas, que permitiram a identificação de 230 rotas de exploração sexual infantil nas diferentes regiões do território nacional.
Para interferir de alguma forma neste ciclo vicioso, que tende a aumentar exponencialmente com a perpetuação do abismo social brasileiro, foi lançada na última semana em São Paulo uma caravana que vai percorrer 20 mil quilômetros de asfalto levando noções de cidadania para aquele que é o principal ator deste processo. A Caravana Siga Bem Caminhoneiro, que comemora os 10 anos do projeto Siga Bem, criado pela Petrobras, vai organizar cursos e palestras sobre saúde, segurança, legislação de trânsito e centrar esforços para integrar os motoristas na luta contra este tipo de violência.
“O caminhoneiro é nosso grande parceiro nessa idéia. Em vez de promover a exploração sexual infantil, que é o que ele faz hoje, o objetivo é que use os postos por onde a caravana passar como base de combate a esta prática. Uma parcela grande dos caminhoneiros já demonstra interesse em fazer isso, o que começa a inibir os outros, que sentem vergonha do parceiro e são, no mínimo, obrigados a se esconder”, conta Wilson Santarosa, gerente nacional de comunicação institucional da Petrobras. “Precisamos de uma sinergia nacional para enfrentar este problema. Por isso, também queremos que a população das cidades por onde a caravana passar interajam com ela e ajudem as crianças a saírem da prostituição. Não dá para entender e admitir que sabemos que há pessoas que ganham dinheiro com isso nas nossas rodovias. Nenhum país será uma nação se não cuidarmos das nossas crianças e, por isso, o caminhoneiro dará um exemplo de patriotismo ao encampar este projeto”, acredita Santarosa.
A participação dos motoristas nesta causa vem sendo estimulada desde setembro do ano passado, por iniciativa do Projeto Siga Bem Criança, que distribui adesivos e folhetos informativos e também presta esclarecimentos sobre a necessidade de combater a violência sexual contra a infância via rádio e programas na televisão. Em 2003, mais de 20 mil assinaturas de caminhoneiros foram coletadas e entregues ao presidente Lula, em sinal de apoio da categoria a políticas públicas que fossem na contra-mão desta lógica. Cerca de 500 caminhões e mais de 800 caminhoneiros também participaram de uma carreata no centro de Brasília para reafirmar seu compromisso. A caravana lançada agora é uma das ações resultantes dessa mobilização. Serão 100 dias de eventos, que devem atingir diretamente 350 mil pessoas. Já o Projeto Siga Bem Criança, no qual já foram investidos 4,1 milhões de reais, tem a previsão de beneficiar 6.500 meninos e meninas até o final de 2006.
“Ainda não tivemos tempo suficiente para medir resultados concretos do projeto. Mas foi possível perceber, por exemplo, que o perfil do caminhoneiro melhorou. Há 10 anos, as peças publicitárias tinham uma abordagem emocional do motorista, de apelo a uma vida de festas. O Siga Bem fez justamente o contrário: trabalhou o lado profissional do caminhoneiro. Agora precisamos garantir seu engajamento. Trata-se de um processo de mobilização positivo”, aponta Luiz Fernando Nery, gerente de Comunicação Nacional da Petrobras.
O poder de uma ligação
Outra ação incentivada aos caminhoneiros é a denúncia de situações de exploração sexual infantil via telefone. De maio de 2003 até julho deste ano, o Disque-Denúncia, coordenado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República e que funciona pelo número 0800-990500, atendeu 6.400 ligações com informações de casos de exploração e abuso sexual contra crianças e adolescentes em todo o país. São casos de abuso extra e inter-familiar, de exploração sexual comercial e de maus tratos. A partir das denúncias, é possível mapear os locais e tipos de risco, confirmando e atualizando as rotas já conhecidas, e encaminhar essas informações para ação da Justiça e dos Conselhos Tutelares.
“Nenhuma denúncia pode ficar engavetada. Todas as que recebemos até agora foram encaminhadas para as varas e delegacias especializadas e para o Ministério Público”, afirmou à Agência Carta Maior o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, a Nilmário Miranda. “O objetivo agora é ampliar o alcance do Disque. Enquanto atendemos a seis mil chamadas, registramos que 36 mil deixaram de ser atendidas no mesmo período”, relata ele.
Uma parte da solução para esta questão veio de investimento feito pela Petrobras no programa do Disque-Denúncia. Ele foi ampliado e, desde maio, passou a contabilizar categorias de exploração infantil como a pornografia via internet e o turismo sexual. O sistema também está mais eficiente e é capaz de gerar relatórios por tipo de denúncia, o que permite um planejamento melhor das ações públicas a partir de agora. Até o final do ano, as ligações serão migradas para o número 100, que atenderá todos os casos de violação dos Direitos Humanos.
Um dos resultados deste ano de funcionamento do Disque foi o estabelecimento mais preciso das rotas de exploração sexual infantil e de adolescentes. Com o traçado em mãos, foi possível direcionar melhor os investimentos no setor. A Petrobras, por exemplo, direcionou 22 milhões de reais (dos 32 que destinou ao Fundo para a Infância e a Adolescência) aos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente de 128 cidades que se encontram nas rotas de prostituição infantil identificadas pela Secretaria Especial de Direitos Humanos. Entre elas, Campinas (SP), Teresina (PI), Aracaju (SE), Goiânia (GO) e Belém (PA). O Projeto Fundo para a Infância e a Adolescência integra o Programa Petrobras Fome Zero, lançou no ano passado pela companhia e que tem cinco linhas de atuação, entre elas a defesa dos direitos da criança e do adolescente.
A Caravana Siga Bem Caminhoneiro, que vai até o final deste ano, é realizada em parceria com a Volvo e a Pamcary.
Fonte: Agência Carta Maior

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Luta pelas crianças

Caravana vai percorrer 20 mil km de asfalto levando noções de cidadania e conscientizando os motoristas sobre problema, que atinge 30 mil crianças nas rodovias. São 230 rotas de exploração sexual infantil no país.

São Paulo – Mais de dois milhões de caminhoneiros circulam pelas rodovias do Brasil, transportando cerca de 75% de toda a movimentação de mercadorias do país. De forma indireta, o setor emprega outros quatro milhões de trabalhadores. Além de viverem sobre rodas, eles são testemunhas de uma das mais cruéis conseqüências da desigualdade social brasileira: a exploração sexual infantil e de adolescentes na beira das estradas. Calcula-se que, anualmente, 30 mil crianças ligadas de alguma forma à prostituição são transportadas em boléias de caminhões. Passam por caminhos e cidades conhecidas, que permitiram a identificação de 230 rotas de exploração sexual infantil nas diferentes regiões do território nacional.

Para interferir de alguma forma neste ciclo vicioso, que tende a aumentar exponencialmente com a perpetuação do abismo social brasileiro, foi lançada na última semana em São Paulo uma caravana que vai percorrer 20 mil quilômetros de asfalto levando noções de cidadania para aquele que é o principal ator deste processo. A Caravana Siga Bem Caminhoneiro, que comemora os 10 anos do projeto Siga Bem, criado pela Petrobras, vai organizar cursos e palestras sobre saúde, segurança, legislação de trânsito e centrar esforços para integrar os motoristas na luta contra este tipo de violência.

“O caminhoneiro é nosso grande parceiro nessa idéia. Em vez de promover a exploração sexual infantil, que é o que ele faz hoje, o objetivo é que use os postos por onde a caravana passar como base de combate a esta prática. Uma parcela grande dos caminhoneiros já demonstra interesse em fazer isso, o que começa a inibir os outros, que sentem vergonha do parceiro e são, no mínimo, obrigados a se esconder”, conta Wilson Santarosa, gerente nacional de comunicação institucional da Petrobras. “Precisamos de uma sinergia nacional para enfrentar este problema. Por isso, também queremos que a população das cidades por onde a caravana passar interajam com ela e ajudem as crianças a saírem da prostituição. Não dá para entender e admitir que sabemos que há pessoas que ganham dinheiro com isso nas nossas rodovias. Nenhum país será uma nação se não cuidarmos das nossas crianças e, por isso, o caminhoneiro dará um exemplo de patriotismo ao encampar este projeto”, acredita Santarosa.

A participação dos motoristas nesta causa vem sendo estimulada desde setembro do ano passado, por iniciativa do Projeto Siga Bem Criança, que distribui adesivos e folhetos informativos e também presta esclarecimentos sobre a necessidade de combater a violência sexual contra a infância via rádio e programas na televisão. Em 2003, mais de 20 mil assinaturas de caminhoneiros foram coletadas e entregues ao presidente Lula, em sinal de apoio da categoria a políticas públicas que fossem na contra-mão desta lógica. Cerca de 500 caminhões e mais de 800 caminhoneiros também participaram de uma carreata no centro de Brasília para reafirmar seu compromisso. A caravana lançada agora é uma das ações resultantes dessa mobilização. Serão 100 dias de eventos, que devem atingir diretamente 350 mil pessoas. Já o Projeto Siga Bem Criança, no qual já foram investidos 4,1 milhões de reais, tem a previsão de beneficiar 6.500 meninos e meninas até o final de 2006.

“Ainda não tivemos tempo suficiente para medir resultados concretos do projeto. Mas foi possível perceber, por exemplo, que o perfil do caminhoneiro melhorou. Há 10 anos, as peças publicitárias tinham uma abordagem emocional do motorista, de apelo a uma vida de festas. O Siga Bem fez justamente o contrário: trabalhou o lado profissional do caminhoneiro. Agora precisamos garantir seu engajamento. Trata-se de um processo de mobilização positivo”, aponta Luiz Fernando Nery, gerente de Comunicação Nacional da Petrobras.

O poder de uma ligação
Outra ação incentivada aos caminhoneiros é a denúncia de situações de exploração sexual infantil via telefone. De maio de 2003 até julho deste ano, o Disque-Denúncia, coordenado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República e que funciona pelo número 0800-990500, atendeu 6.400 ligações com informações de casos de exploração e abuso sexual contra crianças e adolescentes em todo o país. São casos de abuso extra e inter-familiar, de exploração sexual comercial e de maus tratos. A partir das denúncias, é possível mapear os locais e tipos de risco, confirmando e atualizando as rotas já conhecidas, e encaminhar essas informações para ação da Justiça e dos Conselhos Tutelares.

“Nenhuma denúncia pode ficar engavetada. Todas as que recebemos até agora foram encaminhadas para as varas e delegacias especializadas e para o Ministério Público”, afirmou à Agência Carta Maior o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, a Nilmário Miranda. “O objetivo agora é ampliar o alcance do Disque. Enquanto atendemos a seis mil chamadas, registramos que 36 mil deixaram de ser atendidas no mesmo período”, relata ele.

Uma parte da solução para esta questão veio de investimento feito pela Petrobras no programa do Disque-Denúncia. Ele foi ampliado e, desde maio, passou a contabilizar categorias de exploração infantil como a pornografia via internet e o turismo sexual. O sistema também está mais eficiente e é capaz de gerar relatórios por tipo de denúncia, o que permite um planejamento melhor das ações públicas a partir de agora. Até o final do ano, as ligações serão migradas para o número 100, que atenderá todos os casos de violação dos Direitos Humanos.

Um dos resultados deste ano de funcionamento do Disque foi o estabelecimento mais preciso das rotas de exploração sexual infantil e de adolescentes. Com o traçado em mãos, foi possível direcionar melhor os investimentos no setor. A Petrobras, por exemplo, direcionou 22 milhões de reais (dos 32 que destinou ao Fundo para a Infância e a Adolescência) aos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente de 128 cidades que se encontram nas rotas de prostituição infantil identificadas pela Secretaria Especial de Direitos Humanos. Entre elas, Campinas (SP), Teresina (PI), Aracaju (SE), Goiânia (GO) e Belém (PA). O Projeto Fundo para a Infância e a Adolescência integra o Programa Petrobras Fome Zero, lançou no ano passado pela companhia e que tem cinco linhas de atuação, entre elas a defesa dos direitos da criança e do adolescente.

A Caravana Siga Bem Caminhoneiro, que vai até o final deste ano, é realizada em parceria com a Volvo e a Pamcary.

Fonte: Agência Carta Maior

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