fetec@fetecpr.com.br | (41) 3322-9885 | (41) 3324-5636

Por 10:45 Sem categoria

Greve na Volks

Os trabalhadores horistas e mensalistas acataram decisão de assembléia e paralisaram totalmente as atividades da Volks Anchieta durante toda a quarta-feira. Pela manhã, o pessoal da Comissão de Fábrica avisava aos que chegavam que os setores ficariam todo o dia parados. Logo em seguida os mesmos informes foram repassados aos mensalistas.

Já no primeiro dia de greve, a Volks contratou dezenas de seguranças, que passaram a circular pelas áreas com atitudes intimidatórias. À tarde, durante a chegada do pessoal do segundo turno, o presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, disse que a greve é um sucesso e que todos deveriam continuar de braços cruzados. “A Volkswagen resolveu comprar a briga com os seus trabalhadores e essa briga será uma luta dura”, afirmou ele, lembrando que a greve será feita na fábrica e os rumos do movimento serão decididos no dia-a-dia.

“A luta será longa e vamos utilizar uma estratégia a cada dia para evitar uma contra ofensiva da empresa”, afirmou. Feijóo disse que para a próxima semana a Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT está programando manifestações por todo o país, entre elas uma mega panfletagem.

Ele reafirmou que os trabalhadores devem acatar as orientações do pessoal da Comissão de Fábrica e marcou para hoje à tarde uma nova assembléia reunindo os dois turnos. “Vamos definir outra forma de luta, de maneira que a Volks tenha o máximo de prejuízo”, concluiu.

16 mil na rua e perdas de R$ 800 milhões – Além da sacanagem com os trabalhadores, a truculência da Volkswagen ao demitir por carta 1.800 companheiros e companheiras provocará um estrago sócio-econômico enorme no ABC. Só em salários, cerca de R$ 400 milhões que viriam dos demitidos deixarão de circular por ano, na região que há 50 anos acolheu a montadora e lhe proporcionou lucros imensos.

O problema se agrava em termos monetários se aos salários forem somados 13º, férias, FGTS e PLR que esse pessoal receberia. A repentina retirada de circulação de todo esse dinheiro causará perdas de outros R$ 400 milhões na coleta de impostos no ABC.

Esta queda na arrecadação provocará a piora de serviços públicos como asfaltamento de ruas, ligações de água e esgotos, limpeza, lazer e muitos outros. Implicará também em áreas extremamente importantes como saúde e educação.

As conseqüências sociais da radicalização da multinacional são ainda maiores. Cada posto de trabalho em uma montadora significa oito empregos na cadeia automotiva. Assim, as 1.800 demissões na VW significam o fechamento de mais 14.400 vagas no setor só no ABC. No total, 16.200 companheiros devem engrossar o exército de desempregados da região. Esta é a tragédia que a multinacional provocará imediatamente.

O efeito bola de neve: A lista de más notícias aumenta a médio e longo prazos. Fora da indústria, os setores de comércio e serviços serão fortemente afetados. Diversos tipos de estabelecimentos fecharão, aumentando ainda mais o desemprego e a perda de arrecadação.

Se a crise provocada pela Volks se agravar, será mais difícil a vinda de novas empresas para a região. Com tudo isso, o ABC não será mais o terceiro maior mercado consumidor do País devido a queda na renda de sua população e terá agravados seu problemas sociais.

Fonte: CUT

==============================================================

Volkswagen: momento de impasse

Negociação. Essa tem sido a meta batalhada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC ao longo dos anos, principalmente a partir do final dos anos 80, quando se desenhou um novo cenário de competitividade industrial. Nem sempre a via para a negociação é fácil. Às vezes, para ela ser conquistada, é preciso resistência e muita luta na forma de greves e até de passeatas. E para a negociação acontecer, é preciso garantir equilíbrio entre as duas partes. Não faltam exemplos da habilidade de negociação por parte do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Os acordos da Câmara Setorial do Complexo Automotivo, de 1992 e 1993, foram frutos de nossa capacidade de organização e intervenção nos fóruns tripartites, tendo como realidade a abertura indiscriminada à entrada de produtos importados, a estagnação no consumo e os riscos do desemprego em massa.

Entre os vários resultados positivos desses acordos, destacamos a retomada da produção e da venda de veículos (de um patamar de 1.074.000 unidades anuais, em 1992, para 2 milhões em 1993) e a conseqüente elevação da arrecadação dos tributos.

O pontapé inicial para a fabricação de carros populares foi dado a partir da conclusão desses acordos, que ainda permitiram a recuperação do poder de compra dos trabalhadores, cuja renda aumentou 20%. Não podemos esquecer a conquista da manutenção dos empregos nesse período. A atitude dos Metalúrgicos do ABC de buscar a via da negociação para as mudanças necessárias ou pretendidas pelas empresas tem, na prática, dado às fábricas instaladas na região um diferencial competitivo e seguro, com acordos que vão da redução da jornada à reorganização do tempo de trabalho e implantação de novas formas de organização da produção, do trabalho e da gestão.

Os acordos de participação nos lucros e resultados e as lutas por melhores salários têm injetado cifras significativas na economia do ABCD, terceiro maior pólo consumidor do país. Com a própria Volkswagen, este sindicato negociou no passado. Em 98, o setor automobilístico estava mergulhado em uma crise. A multinacional alemã anunciou que tinha um excedente de 6.500 trabalhadores. Em negociação com o sindicato, foi construído um acordo de estabilidade de emprego até junho de 2001, o qual gerou benefícios e sacrifícios para a empresa e para o trabalhador. Este teve o posto de trabalho garantido, mas precisou aceitar o banco de horas (no lugar do pagamento das horas extras até um certo número de horas trabalhadas) e o início da Semana Volkswagen (redução da jornada em razão da diminuição da demanda do mercado, o que implica diminuição do valor da participação nos lucros e resultados).

No final de 2001, nova crise. Em outubro daquele ano, a empresa demitiu 3.075 trabalhadores. Depois de esgotadas as possibilidades de negociação no Brasil, o presidente do sindicato à época, Luiz Marinho (hoje ministro do Trabalho), foi à Alemanha e construiu um acordo de estabilidade de emprego com duração de cinco anos (até 21 de novembro deste ano), o qual incluía a garantia de novos investimentos na fábrica de São Bernardo. As demissões foram revertidas e, em, 2002, foi concluída a negociação para a produção do Fox exportação para a Europa, com produção integral na fábrica da Anchieta (acordo que a empresa não respeitou, porque passou a fazer parte da produção no Paraná). O acordo de estabilidade incluía benefícios e sacrifícios para todos os envolvidos.

Em maio deste ano, nova surpresa. A Volkswagen anunciou a intenção de demitir quase 6.000 trabalhadores em três das cinco fábricas no Brasil -intenção repetida em outros países onde ela tem fábrica, já que o plano faz parte de uma reestruturação produtiva mundial. No Brasil, a Volks divulgou que pretende diminuir uma série de direitos.

O sindicato se reuniu durante 26 horas com a empresa e apresentou uma contraproposta para cada ponto defendido por ela. Todas foram rejeitadas. Para piorar a situação, na última semana, a Volks deu um ultimato ao trabalhador: ou ele aceitaria 3.600 demissões e o corte de direitos ou a empresa poderia demitir 6.100 empregados e até fechar a fábrica. Mais uma vez, sindicato e trabalhadores optaram pela negociação. Dessa vez, foram 33 horas de conversas que se revelaram improdutivas. A empresa insiste no processo de demissão anunciado e no corte de direitos, o que impossibilita a construção de um acordo equilibrado. Tal intransigência pode significar a perda de trabalho para mais de 106 mil trabalhadores, levando em conta toda a cadeia produtiva. Com tudo isso, a Volkswagen pode ser responsável por retirar da economia quase 4,8 bilhões de reais. Mas o sindicato não perde a esperança. E, mesmo neste momento de luta, está aberto a um verdadeiro processo de negociação.

José Lopez Feijóo é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e membro da executiva nacional da CUT

Fonte: CUT

Por 10:45 Notícias

Greve na Volks

Os trabalhadores horistas e mensalistas acataram decisão de assembléia e paralisaram totalmente as atividades da Volks Anchieta durante toda a quarta-feira. Pela manhã, o pessoal da Comissão de Fábrica avisava aos que chegavam que os setores ficariam todo o dia parados. Logo em seguida os mesmos informes foram repassados aos mensalistas.
Já no primeiro dia de greve, a Volks contratou dezenas de seguranças, que passaram a circular pelas áreas com atitudes intimidatórias. À tarde, durante a chegada do pessoal do segundo turno, o presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, disse que a greve é um sucesso e que todos deveriam continuar de braços cruzados. “A Volkswagen resolveu comprar a briga com os seus trabalhadores e essa briga será uma luta dura”, afirmou ele, lembrando que a greve será feita na fábrica e os rumos do movimento serão decididos no dia-a-dia.
“A luta será longa e vamos utilizar uma estratégia a cada dia para evitar uma contra ofensiva da empresa”, afirmou. Feijóo disse que para a próxima semana a Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT está programando manifestações por todo o país, entre elas uma mega panfletagem.
Ele reafirmou que os trabalhadores devem acatar as orientações do pessoal da Comissão de Fábrica e marcou para hoje à tarde uma nova assembléia reunindo os dois turnos. “Vamos definir outra forma de luta, de maneira que a Volks tenha o máximo de prejuízo”, concluiu.
16 mil na rua e perdas de R$ 800 milhões – Além da sacanagem com os trabalhadores, a truculência da Volkswagen ao demitir por carta 1.800 companheiros e companheiras provocará um estrago sócio-econômico enorme no ABC. Só em salários, cerca de R$ 400 milhões que viriam dos demitidos deixarão de circular por ano, na região que há 50 anos acolheu a montadora e lhe proporcionou lucros imensos.
O problema se agrava em termos monetários se aos salários forem somados 13º, férias, FGTS e PLR que esse pessoal receberia. A repentina retirada de circulação de todo esse dinheiro causará perdas de outros R$ 400 milhões na coleta de impostos no ABC.
Esta queda na arrecadação provocará a piora de serviços públicos como asfaltamento de ruas, ligações de água e esgotos, limpeza, lazer e muitos outros. Implicará também em áreas extremamente importantes como saúde e educação.
As conseqüências sociais da radicalização da multinacional são ainda maiores. Cada posto de trabalho em uma montadora significa oito empregos na cadeia automotiva. Assim, as 1.800 demissões na VW significam o fechamento de mais 14.400 vagas no setor só no ABC. No total, 16.200 companheiros devem engrossar o exército de desempregados da região. Esta é a tragédia que a multinacional provocará imediatamente.
O efeito bola de neve: A lista de más notícias aumenta a médio e longo prazos. Fora da indústria, os setores de comércio e serviços serão fortemente afetados. Diversos tipos de estabelecimentos fecharão, aumentando ainda mais o desemprego e a perda de arrecadação.
Se a crise provocada pela Volks se agravar, será mais difícil a vinda de novas empresas para a região. Com tudo isso, o ABC não será mais o terceiro maior mercado consumidor do País devido a queda na renda de sua população e terá agravados seu problemas sociais.
Fonte: CUT
==============================================================
Volkswagen: momento de impasse
Negociação. Essa tem sido a meta batalhada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC ao longo dos anos, principalmente a partir do final dos anos 80, quando se desenhou um novo cenário de competitividade industrial. Nem sempre a via para a negociação é fácil. Às vezes, para ela ser conquistada, é preciso resistência e muita luta na forma de greves e até de passeatas. E para a negociação acontecer, é preciso garantir equilíbrio entre as duas partes. Não faltam exemplos da habilidade de negociação por parte do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Os acordos da Câmara Setorial do Complexo Automotivo, de 1992 e 1993, foram frutos de nossa capacidade de organização e intervenção nos fóruns tripartites, tendo como realidade a abertura indiscriminada à entrada de produtos importados, a estagnação no consumo e os riscos do desemprego em massa.
Entre os vários resultados positivos desses acordos, destacamos a retomada da produção e da venda de veículos (de um patamar de 1.074.000 unidades anuais, em 1992, para 2 milhões em 1993) e a conseqüente elevação da arrecadação dos tributos.
O pontapé inicial para a fabricação de carros populares foi dado a partir da conclusão desses acordos, que ainda permitiram a recuperação do poder de compra dos trabalhadores, cuja renda aumentou 20%. Não podemos esquecer a conquista da manutenção dos empregos nesse período. A atitude dos Metalúrgicos do ABC de buscar a via da negociação para as mudanças necessárias ou pretendidas pelas empresas tem, na prática, dado às fábricas instaladas na região um diferencial competitivo e seguro, com acordos que vão da redução da jornada à reorganização do tempo de trabalho e implantação de novas formas de organização da produção, do trabalho e da gestão.
Os acordos de participação nos lucros e resultados e as lutas por melhores salários têm injetado cifras significativas na economia do ABCD, terceiro maior pólo consumidor do país. Com a própria Volkswagen, este sindicato negociou no passado. Em 98, o setor automobilístico estava mergulhado em uma crise. A multinacional alemã anunciou que tinha um excedente de 6.500 trabalhadores. Em negociação com o sindicato, foi construído um acordo de estabilidade de emprego até junho de 2001, o qual gerou benefícios e sacrifícios para a empresa e para o trabalhador. Este teve o posto de trabalho garantido, mas precisou aceitar o banco de horas (no lugar do pagamento das horas extras até um certo número de horas trabalhadas) e o início da Semana Volkswagen (redução da jornada em razão da diminuição da demanda do mercado, o que implica diminuição do valor da participação nos lucros e resultados).
No final de 2001, nova crise. Em outubro daquele ano, a empresa demitiu 3.075 trabalhadores. Depois de esgotadas as possibilidades de negociação no Brasil, o presidente do sindicato à época, Luiz Marinho (hoje ministro do Trabalho), foi à Alemanha e construiu um acordo de estabilidade de emprego com duração de cinco anos (até 21 de novembro deste ano), o qual incluía a garantia de novos investimentos na fábrica de São Bernardo. As demissões foram revertidas e, em, 2002, foi concluída a negociação para a produção do Fox exportação para a Europa, com produção integral na fábrica da Anchieta (acordo que a empresa não respeitou, porque passou a fazer parte da produção no Paraná). O acordo de estabilidade incluía benefícios e sacrifícios para todos os envolvidos.
Em maio deste ano, nova surpresa. A Volkswagen anunciou a intenção de demitir quase 6.000 trabalhadores em três das cinco fábricas no Brasil -intenção repetida em outros países onde ela tem fábrica, já que o plano faz parte de uma reestruturação produtiva mundial. No Brasil, a Volks divulgou que pretende diminuir uma série de direitos.
O sindicato se reuniu durante 26 horas com a empresa e apresentou uma contraproposta para cada ponto defendido por ela. Todas foram rejeitadas. Para piorar a situação, na última semana, a Volks deu um ultimato ao trabalhador: ou ele aceitaria 3.600 demissões e o corte de direitos ou a empresa poderia demitir 6.100 empregados e até fechar a fábrica. Mais uma vez, sindicato e trabalhadores optaram pela negociação. Dessa vez, foram 33 horas de conversas que se revelaram improdutivas. A empresa insiste no processo de demissão anunciado e no corte de direitos, o que impossibilita a construção de um acordo equilibrado. Tal intransigência pode significar a perda de trabalho para mais de 106 mil trabalhadores, levando em conta toda a cadeia produtiva. Com tudo isso, a Volkswagen pode ser responsável por retirar da economia quase 4,8 bilhões de reais. Mas o sindicato não perde a esperança. E, mesmo neste momento de luta, está aberto a um verdadeiro processo de negociação.
José Lopez Feijóo é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e membro da executiva nacional da CUT
Fonte: CUT

Close