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Juventude e direito ao trabalho

Segundo o Ministério do Trabalho os jovens ocuparam 90% das seis milhões de novas vagas criadas no mercado de trabalho entre 2003 e 2007 (CAGED). Embora o Governo Lula tenha avançado na ampliação de empregos nos últimos anos muitos jovens continuam esperando nas filas dos balcões de emprego.

A geração de trabalho e renda e a qualificação profissional ainda são uns dos grandes desafios de uma política nacional de juventude. A promoção da formação profissional e incentivo à escolarização aliada à oferta de postos de trabalho é a política pública ideal para garantir aos jovens o direito ao trabalho.

Juventude Desempregada

Nos anos 90, a recessão econômica e as políticas neoliberais ajustaram o mercado de trabalho diminuindo drasticamente a oferta de emprego. Esse ajuste, conseqüência da reestruturação produtiva e da recessão econômica, recaiu justamente no segmento juvenil, que já tradicionalmente apresenta mais dificuldades de inserção profissional.

Nesse período, o Brasil perdeu 3,2 milhões de postos de trabalho assalariados com carteira assinada, sendo que mais de 2 milhões apenas para pessoas com menos de 25 anos de idade. Hoje, os jovens entre 15 e 24 anos de idade representam 48% dos desempregados do país, representando um total de 3,7 milhões de jovens desocupados (IBGE 2005). Enquanto a taxa nacional de desemprego juvenil atinge 19,4%, em outros países a taxa média de desemprego juvenil é de 12,4%, conforme informa a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE 2004).

Neste contexto, importa ressaltar que o desemprego no Brasil não é flexional, isto é, situação em que haveria emprego para todos, mas faltaria aos jovens a qualificação para ocupá-los. O problema principal do desemprego no Brasil é estrutural, e encontra-se na falta de vagas.

Com a diminuição da oferta de empregos e o acirramento da competição por vagas no mercado de trabalho, as ocupações típicas de jovens, que muitas vezes eram porta de ingresso desse segmento no mercado de trabalho, passaram a ser disputadas e ocupadas pelos trabalhadores adultos.

É importante destacar que o desemprego juvenil atinge mais intensamente a classe média, já que as ocupações de nível técnico foram as que sofreram mais cortes (vide o setor bancário), portanto, estes jovens não possuem nem acesso às universidades, nem aceitam o trabalho precário, como os mais pobres.

A alta taxa de desemprego é também responsável pela precarização da ocupação jovem. Houve uma expansão nas formas de sobrevivência juvenil, através da ocupação autônoma, por conta própria, trabalho independente e sem remuneração. Em geral, são situações precárias de emprego, de sub-remuneração e que terminam por disfarçar o crescente desemprego.

As ofertas de trabalho são muitas vezes temporárias e nas mais diferentes situações (bicos, estágios, treinamento, entre outras), que dificultam a construção de uma estabilidade profissional. Sem a existência de uma ocupação estável, o jovem não consegue sair da condição de desemprego, às vezes interrompido temporariamente por bicos, estágios e quebra-galhos. Podemos dizer que o jovem brasileiro tem trabalhado muito, ganhado mal e atuado muitas vezes na informalidade.

Esse quadro apresenta também outras preocupações. Os jovens, que representavam quase 1/4 do total de contribuintes da Previdência Social no final da década de 80, transformaram-se em quase 1/6 nos anos 90, ampliando em perspectiva o problema estrutural de financiamento dessa política pública no País.

Medidas de Impacto

Para enfrentar essa situação são necessárias algumas medidas:

A gravidade da situação do desemprego juvenil necessitará de uma intervenção emergencial do Estado. Além da retomada sustentada do crescimento econômico, responsável pela geração de postos de trabalho em maior quantidade, três estratégias conjugadas devem ser adotadas simultaneamente para garantir ao jovem o direito ao trabalho, são elas:

1) Criação de novos postos de trabalho decente

2) Concessão de incentivo e auxílios financeiros a escolarização e a formação para o trabalho

3) Intervenção e regulação do mercado de trabalho (Previdência Juvenil ou Seguro desemprego juvenil)

– Direcionamento dos investimentos estatais em setores da indústria, comércio e serviços com grande capacidade de geração empregos para jovens: com ênfase em empreendimentos tecnológicos, turísticos e que utilizem novos tipos de ocupação.

– Geração de postos de trabalho no âmbito das atividades do setor público.

– Redução da jornada de trabalho e das horas extras: para 36 horas, aliada a restrição de horas extras. O objetivo é ampliar postos e diminuir a precarização, reestruturando o mercado de trabalho (medida que também ajudou a combater o desemprego na França).

2) Concessão de incentivos financeiros à escolarização e a formação para o mundo do trabalho

– Ampliar os programas de incentivo à escolarização: sobretudo para jovens que pela sua idade, já deveriam ter concluído o ensino básico, especialmente por meio do aumento de escala do PROJOVEM e criação do PROJOVEM ENSINO MÉDIO.

– Ampliar as políticas de assistência e manutenção dos jovens no ensino médio e superior: por meio da bolsa permanência para jovens no ensino médio, estudantes do PROUNI e estudantes de baixa renda das universidades públicas.

– Ampliar os programas de bolsas de iniciação científica, pesquisa, extensão e pós-graduação: por meio do fortalecimento dos programas INICIAÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO MÉDIO, conexão de saberes, PET, PIBIC e bolsas CAPES/CNPq.

– Implantação do quarto ano profissional do Ensino Médio.

3) Regulação e intervenção do mercado de trabalho (Previdência Juvenil e Seguro desemprego juvenil)

O desemprego no Brasil possui duas realidades, o desemprego dos adultos que corresponde a uma taxa igual a dos países de primeiro mundo e o desemprego dos jovens que representa o dobro de desempregados adultos e que corresponde a uma das piores taxas de desemprego juvenil do mundo. Nesse cenário, mesmo com um acentuado crescimento econômico no próximo período, a geração de postos de trabalho em quantidade suficiente ao atendimento da enorme demanda da juventude se estenderia por alguns anos. Por isso, entendemos que o Estado pode agir, em caráter emergencial, através de duas ações:

a) redução rápida da demanda por postos de trabalho;

b) garantia de renda ao jovem sem ocupação.

O objetivo principal é descongestionar o mercado de trabalho nos grandes e médios centros, diminuindo a demanda por emprego com a redução de até 8 pontos percentuais da taxa de desemprego juvenil (equilibrando com os níveis de desemprego adulto) e ao mesmo tempo assegurar renda para jovens, evitando a precarização do trabalho e possibilitando outras perspectivas de vida.

A proposta consiste em conceder um benefício no valor de R$ 250,00 (60% do salário mínimo a 2,5 milhões de jovens durante dois anos. A concessão do benefício estaria vinculada a quatro condicionalidades:

1) Não ter vínculo formal de trabalho;

2) Estar entre 18 a 20 anos e ter concluído o ensino médio

3) Participar em atividades de utilidade pública promovidas pelo Estado;

4) Participar em campanhas públicas de interesse social e mobilização da população.

Para tanto estamos propondo financiar esta política através da criação de um mecanismo de seguridade social de curta duração (5 anos). O fundo emergencial de compensação juvenil seria composto por uma contribuição social no valor de 1,25% sobre o salário mínimo do trabalhador e de 1,25% pelo salário pago pelo empregador (limitado em apenas 01 SM), o que equivaleria a um montante estimado em 7,8 bilhões anuais.

O jovem beneficiado, quando empregado em condições formais, ficaria obrigado a retribuir por dois anos por meio de uma alíquota especial, acrescida em 1,4% na sua contribuição ao INSS (1,26 bilhões).

Optamos pelo título provisório de PREVIDÊNCIA JUVENIL ou SEGURO DESEMPREGO JUVENIL por se tratar de um tipo de seguro social em que o motivo do recebimento do beneficio se condiciona à impossibilidade do acesso inicial ao mercado de trabalho, devido à escassez absoluta de vagas. A contribuição social do conjunto dos trabalhadores será compensada através da devolução de recursos ao INSS, consistindo, assim, num regime de solidariedade social (Nos mesmos moldes clássicos propostos por Bismarck na Alemanha quando da criação do sistema de previdência).

O impacto dessa política seria rápido e em grande escala. Em cinco anos atenderia 10 milhões de jovens e manteria a taxa de desemprego reduzida a um patamar tolerável. Desta forma o jovem poderia voltar a disputar emprego, no momento seguinte, em melhores condições.

Essa política gera, como vantagens indiretas, uma situação de maior conforto no mercado de trabalho, devido à redução da pressão por empregos. Melhoraria as condições de competição por trabalho reduzindo a precariedade e aumentando o poder de negociação dos trabalhadores, resultado da diminuição do exército de reserva.

Por Edson Pistori, que é assessor da Secretaria Nacional de Juventude e por
José Ricardo Bianco Fonseca é coordenador de Metodologia da I Conferência Nacional de Juventude.

ARTIGO COLHIDO NO SÍTIO www.pt.org.br.

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Discussões da Conferência da Juventude vão ajudar a criar novas políticas para jovens

Apresentador: Olá, você, em todo o Brasil. Eu sou o Luciano Seixas e começa agora o programa de rádio do presidente Lula, o Café com o Presidente. Olá, presidente Lula, o senhor está em São Bernardo do Campo, em São Paulo. Nós estamos aqui no estúdio da EBC [Empresa Brasil de Comunicação], em Brasília. Como vai, tudo bem?

Presidente: Tudo bem, Luciano.

Apresentador: Presidente, começou ontem aqui em Brasília a primeira Conferência Nacional da Juventude. Para que vai servir esse encontro?

Presidente: Olha, esse encontro, Luciano, vai servir para a gente definir mais uma série de políticas sociais para a juventude, políticas de inclusão da juventude, já combinado com as políticas que nós temos em andamento. Primeiro, Luciano, é importante dar noção para o povo brasileiro o que significa essa conferência. Ou seja, essa conferência tem aproximadamente 2.280 delegados, representando todos os estados, municípios e comunidades tradicionais. Tudo que está sendo discutido na conferência foi decidido pelos próprios jovens nos encontros preparatórios. E é importante lembrar que essa é a primeira conferência feita com foco na juventude brasileira e já mobilizou em todo o país mais de 400 mil participantes. O objetivo principal: promover o direito à participação da juventude, fortalecer a rede social institucional para a juventude, identificar desafios e prioridades para que o poder público possa atuar junto à juventude brasileira.

Apresentador: Presidente, como o governo tem tratado o jovem no Brasil? Existem programas específicos para essa camada da população, não é?

Presidente: Olha, Luciano, é importante lembrar que nós tivemos três décadas em que a economia brasileira não cresceu, não se fez os investimentos necessários na área de educação, na área da formação profissional. E, portanto, eu diria que o Estado brasileiro tem uma dívida com a nossa juventude, ou seja, a juventude ela precisa ser motivada a esperanças e a oportunidades. Ou seja, é preciso que a gente crie oportunidades para que a juventude possa ter perspectivas de vida ou no campo educacional ou no mercado de trabalho. Se não tem escola para os jovens estudarem depois que terminam o ensino fundamental e o segundo grau, não tem formação profissional e não tem emprego, a juventude fica à mercê do narcotráfico, à mercê do crime organizado. Por isso, eu posso dizer para você que é a primeira vez que o país conta com uma política voltada especificamente para os jovens. Nós, em 2005, criamos a Secretaria Nacional da Juventude, depois nós, no mesmo período, instalamos o Conselho Nacional da Juventude, com 60 membros, sendo 40 da sociedade civil e 20 do governo federal. Nós agora acabamos de mandar uma medida provisória, no final do ano passado, para Câmara dos Deputados, unificando todos os programas voltados para a juventude. Nós também aumentamos a faixa etária dos beneficiários dos programas para a juventude, que antes era de 15 a 24, passamos para 15 a 29 anos. E o objetivo concreto é ampliar o atendimento aos jovens excluídos da escola e da formação profissional. Aquele jovem que já estava desanimado, que não estava mais estudando, que não tem profissão, nós estamos querendo trazê-lo outra vez para a escola, formá-lo profissionalmente, para que ele possa recuperar a vontade de estudar e, ao mesmo tempo, aprender uma profissão. Antes da unificação, esses programas atendiam 467 mil jovens em todo o país. Com a integração, até 2010, nós iremos cuidar de aproximadamente 3 milhões e meio de jovens, ou seja, e praticamente um investimento de R$ 5,4 bilhões. Nós fizemos a extensão do programa Bolsa Família, também prevista na medida provisória 411, de 2007, estendendo o Bolsa Família também para as famílias que tenham filhos de 16 e 17 anos. Mas eu acho, Luciano, importante lembrar duas coisas que foram criadas no nosso governo. Ou seja, primeiro o ProUni [Programa Universidade para Todos], que já está colocando aproximadamente 400 mil jovens na universidade brasileira e este ano nós teremos a formatura dos primeiros 60 mil jovens brasileiros no ProUni. E agora a implantação do Reuni [Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais] nas universidades federais existentes e nas novas que nós estamos criando, fazendo com que, ao invés de termos apenas 12 alunos por professor, vamos ter 18 alunos por professor, aumentando nos próximos quatro anos aproximadamente mais 400 mil vagas nas universidades brasileiras públicas para a juventude.

Apresentador: Você está ouvindo o programa de rádio do presidente Lula, o Café com o Presidente, hoje falando sobre a Conferência Nacional da Juventude. Presidente, quais são os desafios da Política Nacional de Juventude e o que já foi feito pelo governo para enfrentar esses desafios?

Presidente: Olha, quais são os desafios, Luciano? Ampliar o acesso ao ensino e à permanência do jovem na escola. Ou seja, nós queremos motivá-los a continuar na escola. Segundo, gerar possibilidade de trabalho e possibilidade de renda. Depois, estimular a compreensão e a conquista da cidadania. E democratizar o acesso às coisas para a juventude: ao esporte, ao lazer, à cultura, à tecnologia de informação. Eu acho que é uma coisa extraordinária e eu penso que essa conferência vai carimbar concretamente as obrigações do Estado brasileiro para com a juventude brasileira.

Apresentador: Está certo, presidente. Obrigado e até a semana que vem.

Presidente: Um grande abraço, querido, e até a próxima semana.

Apresentador: O programa Café com o Presidente volta na próxima segunda-feira. Até lá.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO http://cafe.radiobras.gov.br.

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