fetec@fetecpr.com.br | (41) 3322-9885 | (41) 3324-5636

Por 01:58 Sem categoria

Analfabetismo cai 7,2 pontos percentuais nos últimos 15 anos

A análise da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) apresentada pelo Ipea, apontou que o analfabetismo no Brasil caiu nos últimos anos. A queda maior ocorreu na população com 15 anos de idade ou mais. O número de analfabetos em 1992 era de 17,2% e caiu para 10% em 2007. Isso representa 7,2 pontos percentuais em 15 anos. Em 1992 o país registrava taxa de 17,2% de analfabetos. No ano passado o registro foi bem menor. Caiu para 10%.

Os dados foram divulgados no Comunicado da Presidência nº 12, “Pnad-2007: Primeiras Análises (volume 4) – Educação, juventude e raça”. Desde o Comunicado da Presidência nº 9, técnicos em planejamento e pesquisa do Ipea vêm analisando os números da Pnad. Veja todos os comunicados no link + acessadas.

De acordo com o diretor da diretoria de estudos sociais do Ipea, Jorge Abrahão, houve grande redução no Nordeste do país mas essa região ainda concentra o maior número de pessoas que não sabem ler nem escrever. “Coube à região Nordeste a maior redução (0,8 p.p.), no entanto essa região ainda apresenta um índice que é o dobro da média brasileira, situando-se em 20%, e bastante acima das taxas no Sul-Sudeste, que não ultrapassam os 6%.”

Faixa etária

Em relação à faixa etária da população não alfabetizada, foi detectado que esse número é maior entre a população com 40 anos ou mais. Esse grupo concentra 17,2% de analfabetos. Isso evidencia problemas de acesso a escola que grande parte da população brasileira mais velha teve, quando estava em período escolar.

Brasil rural

De acordo com a localização, foi observado que em relação a área rural quase um quarto de sua população é analfabeta. Já para a população urbana/metropolitana este índice é de 4,4%.

Negros e o analfabetismo

É possível observar números bastante expressivos quando o indicador leva em consideração os quesitos raça/cor. Mesmo com alguns avanços, a população negra ainda representa mais que o dobro do número de brancos que não sabem ler nem escrever. O primeiro grupo representa 14,1%, sendo que o segundo apresenta um número bem menor, apenas 6,1%.

——————————————————————————-

“A educação é uma prioridade para ontem”

Entrevista coletiva com Jorge Abrahão de Castro, diretor da Diretoria de Estudos Sociais do Ipea, após a apresentação do Comunicado da Presidência nº 12, Pnad – 2007: Primeiras Análises – Educação, Juventude e Raça e Cor, no dia 14/10/2008.

Dentro da pesquisa, há uma preocupação com curso profissionalizante?
Os jovens estariam fazendo algum curso desse tipo?

Jorge Abrahão de Castro – O IBGE vai divulgar uma pesquisa especifica sobre educação profissional. O crescimento econômico mostrou a importância das profissões.

Percebemos que tínhamos poucas informações disponíveis para dizer como está a situação profissional da população brasileira hoje. O IBGE deve lançar até o final do ano uma pesquisa exclusiva dentro da Pnad sobre educação profissional que vai dar um perfil razoável. Para todos nós, que trabalhamos com as políticas sociais e educação profissional, a situação profissional do povo brasileiro é muito importante.

Especialmente porque estamos num processo de crescimento, e alguns setores demandam mão-de-obra, qualificação profissional, e a gente não tem o perfil muito claro.

Vem diminuindo a camada jovem e aumentando a da população adulta. O
mercado de trabalho está pronto para receber?

JAC – Na última exposição sobre demografia, mostramos que, esperamos que ocorra um envelhecimento da população, vai, portanto, diminuir em termos relativos a população jovem. Deve aumentar de forma expressiva a população adulta. Na realidade, estamos indicando que o futuro está nos apontando, que o mercado de trabalho vai se constituir em grande parcela da população adulta, principalmente na faixa etária de 45 anos ou mais. Vamos ter que fazer uma readaptação, não só o Estado vai ter que pensar em políticas públicas para esse conjunto da população, como o mercado de trabalho vai ter que perceber que um homem ou mulher de 40 anos ainda vai ter um tempo grande de trabalho. O importante, juntando questão de demografia, mostramos que vai haver envelhecimento, a população vai mudar, com a questão educacional, é chamar atenção que a educação passa ser prioridade das prioridades. Uma vez que essa população de hoje que vai se constituir na população futura de trabalhadores que vai sustentar toda uma estrutura mais idosa. A educação é uma prioridade para ontem. Estamos avançando, mas precisamos acelerar um pouco mais.

A estagnação da taxa de analfabetismo na faixa de 15 a 17 anos é mais
preocupante em relação a esse envelhecimento futuro da população?

JAC – Ela revela de fato, uma preocupação com o que ocorre dentro da sala de aula. É importante que a gente tenha esse número em conta porque é desejável que ele venha cair a zero, ou próximo de zero, por uma questão estatística. A permanência dele, mesmo que baixa, nessa faixa de 1,7% da população de 15 anos ou mais, demonstra que de alguma forma a escola não está tendo sucesso para uma parcela da população para prover o mínimo educacional necessário. Eu acho que isso deve ser a preocupação da política pública, não só para essa faixa, pegar essa faixa e olhar para o processo para o início, uma vez que o ensino fundamental é agora de nove anos. Não podemos deixar esse problema da educação ir se encavalando e a criança virar um jovem na escola e ainda analfabeto. É uma questão importante e serve de alerta aos formuladores de política, implementadores de política pública, toda população brasileira preocupada com a situação social e educacional. Todo esse ciclo que a gente está desenvolvendo aqui no Ipea de discussões sobre a Pnad, nos mostra, principalmente no caso da educação, que é fundamental que políticas públicas avancem e sejam implementadas. Busquem corrigir as heterogeneidades regionais que demonstramos, de renda, a questão rural, a questão da faixa etária… isso tudo vai implicar em um esforço coletivo dos governos e uma ampliação expressiva até dos gastos públicos voltados para correção dessas diversas dificuldades e necessidades da educação brasileira. Se a gente quer pensar o futuro, uma vez que, o futuro está batendo na porta hoje.

NOTÍCIAS COLHIDAS NO SÍTIO www.ipea.gov.br.

Close