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Todo apoio à luta dos professores e contra a truculência de Serra

Mobilizados, cerca de 30 mil educadores saíram em passeatas pelas principais ruas de São Paulo. Em troca, recebem o desrespeito e a intransigência do governo do estado

Editorial ed. 370

Desde o dia 8 de março os professores da rede de educação do Estado de São Paulo estão em greve. Uma greve anunciada ainda em 26 de novembro do ano passado, num assembleia do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeosp), sinalizando protesto contra falta de reajuste salarial, programa de promoção por méritos e prova para os professores temporários.

A principal reivindicação dos professores é o reajuste salarial de 34,3%, sendo uma parte como reposição da inflação e a outra por perdas históricas. Há 5 anos eles não têm reajuste salarial.

Mobilizados, cerca de 30 mil educadores saíram em passeatas pelas principais ruas da capital paulista. Em troca, recebem o desrespeito e a intransigência do governo (Demo-Tucano) de José Serra, incapaz de lidar com os movimentos sociais e com as reivindicações salariais do funcionalismo público. São mais de 80% das escolas paralisadas, de acordo com a categoria, e o governador fica alardeando que a greve estadual “graças a Deus não pegou”. O mesmo governador que afirmou ser apenas uma fatalidade as mais de seis dezenas de mortes causadas pelas chuvas nesse ano.

O tratamento dispensado ao movimento grevista é apenas um reflexo do como o governo demo-tucano trata a questão da educação em São Paulo. O Estado mais rico do país tem um dos piores índices educacionais. Materiais didáticos são editados e enviados às escolas com erros grotescos e de péssima qualidade. Os professores foram classificados em diferentes categorias, numa clara intenção de dividir e enfraquecer a categoria. Salas de aulas lotadas, dificultando o trabalho dos professores e comprometendo a aprendizagem dos alunos. Não há concursos públicos para a efetivação dos professores – há mais de 80 mil professores temporários, excluindo-os dos benefícios que os efetivos já conquistaram. O vale-refeição é tão ridículo que passou a ser popularizado como “vale-coxinha”. E o sistema de “progressão continuada”, estabelecendo a obrigatoriedade de aprovar um aluno de um ano a outro, serve apenas para a divulgação do índice alto de aprovação (obrigatória!) dos alunos.

Mas acreditem se quiser, o governo José Serra, tendo como Secretário da Educação o ex-ministro do governo FHC, Paulo Renato, estabeleceu que o professor da categoria “O”, após o término do seu contrato terá que ficar, obrigatoriamente, 200 dias afastado das salas de aula. Ou seja, o governo instituiu uma espécie de “duzentena” a um professor que pode ter trabalhado apenas três meses, substituindo outro professor em licença. Imbecilidades não se justificam. Mas seus autores deveriam ser responsabilizados.

Cada vez mais refém das forças conservadoras que lhe dão apoio a sua candidatura presidencial, o governador Serra – que deixa o cargo dia 31 de março – procura derrotar o movimento grevista sincronizando três movimentos. Primeiro, busca deslegitimar a greve dizendo que é um movimento pequeno – afirma que menos de 1% dos professores aderiram à greve – e que atende apenas interesses eleitorais, buscando prejudicá-lo na campanha presidencial. Coisa de “baderneiros” para tumultuar o processo eleitoral. O PSDB cogita, inclusive, processar a presidente da Apeoesp sob acusação da greve atender interesses eleitorais.

O segundo movimento é controlar a mídia, impedindo que seja divulgado tanto a incapacidade do governo quanto as mobilizações que os professores têm feito e a pauta de suas reivindicações. Há um completo silêncio. É como se a greve não existisse para mídia subserviente à candidatura Serra. Em algum período do futuro essa mídia será cobrada, não pelo explícito aparelhamento ao atual governo paulista, mas sim pelo total descaso com a história. O controle que o governo demo-tucano tem sobre a mídia em nada difere do controle que os coronéis da política, como José Sarney e Antônio Carlos Magalhães, já falecido, mantinham em seus Estados. A diferença é que eles eram donos dos meios de comunicação.

O terceiro movimento para derrotar a greve, usando, sem hesitação, a truculência e a violência da Polícia Militar. A violência cometida contra os professores não difere do tratamento dado aos movimentos grevistas no tempo da ditadura militar. Mais, o governo Serra, repetindo práticas do governo tucano de Yeda Crusius, no Rio Grande do Sul, utiliza-se da prática de infiltrar agentes da polícia no meio dos grevistas, com a tarefa de identificar trabalhadores, fomentar provocações, causar conflitos que justificam uma repressão maior por parte da Polícia Militar e rendam imagens para a mídia demonizar a mobilização.

Nesse clima, há uma tendência pela continuidade da greve. Caso isso se confirme, já é hora da classe trabalhadora mostrar solidariedade à luta dos professores. Não se trata apenas de ser solidário à justa reivindicação salarial dos professores. Trata-se de influir na política educacional do país, de impedir que os governo continuem tratando as questões sociais como caso de polícia e de cobrar dos meios de comunicação a responsabilidade de informar a população.

O governo de José Serra quer fazer da greve dos professores o que o governo Fernando Henrique Cardoso fez coma greve dos petroleiros em 1995, impondo não apenas uma derrota ao movimento grevista, mas também assegurar uma ofensiva contra os direitos sociais e trabalhistas da classe trabalhadora. Em 1995, ao não perceber a jogada que FHC fazia contra os petroleiros, faltou a solidariedade e o apoio àquela greve. Aquela derrota custou-nos dois mandatos presidenciais de FHC. É hora de mostrar que houve um aprendizado e que a classe trabalhadora saia às ruas em apoio à greve dos professores de São Paulo.

ARTIGO COLHIDO NO SÍTIO www.brasildefato.com.br.

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Nota Pública

Negociação já: CUT repudia ataque de José Serra à presidente da Apeoesp

A Central Única dos Trabalhadores – CUT mais uma vez repudia a intransigência e o desrespeito do governador José Serra, que se recusa a negociar com os professores estaduais de São Paulo em greve.

Não bastassem os métodos ditatoriais de Serra, que faz da polícia um instrumento para atacar os manifestantes e impedir o diálogo, os partidos políticos PSDB e DEM, em aliança eleitoral, pediram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que puna com multa o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), filiado à CUT, e a presidente da entidade, Maria Izabel Noronha, a Bebel.

As alegações beiram o absurdo. Acusam a presidente da Apeoesp de ser filiada ao Partido dos Trabalhadores e de ter participado de atividade pública junto com a Ministra Dilma Rousseff. Os professores lutam por reajuste imediato de 34,3%, incorporação de todas as gratificações, um plano de carreira justo e por concurso público de caráter classificatório. Qualquer outra alegação é eleitoreira e tem como objetivo confundir a opinião pública ao deturpar a mobilização da categoria.

A greve é um direito garantido pela Constituição de 1988 e o regime totalitário de Serra, por não admitir oposição, opta pela criminalização dos movimentos sociais. Desde a aprovação da data-base dos servidores, em 2006, jamais o governador aceitou estabelecer uma mesa de negociação com os servidores públicos paulistas.

Todo apoio aos professores estaduais em greve! Todo o apoio a Apeoesp e à companheira Bebel!

Vamos comparecer a assembleia desta quarta-feira, 31 de
março, a partir das 14 horas, no vão livre do Masp.

Artur Henrique
PRESIDENTE DA CUT

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.cut.org.br.

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