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Navegar é preciso; como os bancos chegam até a população brasileira

Comércio Fluvial. Nestlé e Caixa Econômica entram na rota, inaugurada pelo Bradesco, dos serviços às comunidades ribeirinhas

Aos 53 anos de idade, Joaquim Batista Paes já não sabe dizer se passa mais tempo em terra firme ou em alto mar. Marinheiro desde 1972, profissão herdada do pai, o belenense está novamente de bagagem pronta para semanas seguidas de navegação. Desta vez, porém, o desafio é diferente: Paes será o comandante do primeiro supermercado flutuante na região Norte do País. Batizado de Nestlé até você a bordo, o barco parte da capital Belém para a cidade de Almeirim, na região do baixo Amazonas. Leva, desde a quinta-feira 1, mais de 300 produtos da marca, de ração para animais até chocolates, a 18 comunidades ribeirinhas.

O Bradesco é o pioneiro das grandes empresas a investir na área fluvial. Instalada no barco Voyager III, a agência-flutuante percorre 1.600 quilômetros no rio Solimões, no Amazonas, e atinge uma população aproximada de 250 mil pessoas. O banco comemora 650 novas contas abertas em apenas seis meses, e oferece serviços como recargas de celular e empréstimos. Para atingir 11 municípios, o percurso é cumprido duas vezes por mês.

Na rota do Bradesco, a Caixa Econômica Federal lançou um edital para a compra de um barco que fará trabalho semelhante também na região Amazônica, no trecho entre Manaus-Coari. A licitação, na modalidade de pregão eletrônico, foi realizada dia 24 de junho.

“As empresas estão acordando para as demandas de baixa renda. O aumento do poder de compra das classes C, D e E fez com que se descobrisse um Brasil que muitas vezes não aparecia no noticiário”, explica Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, empresa que atua em consultoria e pesquisa de mercado com foco nos consumidores da base da pirâmide. “Bradesco, Nestlé e Caixa estão institucionalizando um canal que sempre existiu em menor escala, mas agora com mais poder aquisitivo”, diz Meirelles.

Segundo o economista Marcelo Néri, chefe do Centro de Pesquisas Sociais da FGV-RJ, “estamos entrando num processo de redução de desigualdade”. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Néri comentou a velocidade de queda do número de pobres (cerca de 10% ao ano), com previsões otimistas até 2014 (miseráveis devem cair dos 29,9 milhões para 14,5 milhões). Os números justificam também o interesse dos empresários.

De acordo com pesquisas do Data Popular, a classe C a maior consumidora na região Norte. “No mercado atual, não cabe mais existir uma empresa que seja para poucos. É preciso estejam efetivamente presentes em todos os lugares”, complementa Meirelles.

A Nestlé vê grande potencial neste nicho de mercado, impulsionada, por exemplo, pelos números colecionados com programas voltados às populações de baixa renda. Em 2009, as vendas de produtos às classes C, D e E responderam por R$ 1,3 bilhão do faturamento da empresa (16 bilhões no total), 27% a mais do que no ano anterior. O sistema porta a porta impulsiona a empresa, ao reunir mais de 7 mil revendedores em 15 estados do País. A média salarial destes “parceiros” é de dois salários mínimos. O foco também é voltado a produtos diferenciados, como o leite Ideal, enriquecido com ferro, que circula apenas nas regiões norte-nordeste.

Em relação ao novo projeto da Nestlé, idealizado pelo presidente da empresa no Brasil, Ivan Zurita, as expectativas são grandes. “Espero que esta seja a primeira de uma série de embarcações que possam atingir o Brasil todo. Nosso plano é aprender com essa experiência”, afirma Alexandre Costa, diretor de regionalização da Nestlé Brasil.

A multinacional investiu cerca de 1 milhão de reais no barco com capacidade para 200 toneladas, alugado por um ano, pertencente ao empresário da indústria de palmito local, Vezpaziano Ferreira Mota. Distribuídos por 100 m2 de gôndolas, os produtos têm preços muito parecidos aos de um supermercado comum. A estimativa é atender a 800 mil pessoas.

“Não há problema o preço ser o mesmo do supermercado, nem para o pequeno varejista e nem para o pequeno consumidor, porque eles têm renda e venda. Vão passar a conhecer novos produtos, e cobrá-los na vendinha local”, acredita o diretor do Data Popular. Na primeira parada do barco da Nestlé, na comunidade de Barcarena (localizada a 18 quilômetros de Belém), antes de sua inauguração oficial, alguns moradores reclamaram que o preço era o mesmo do supermercado. “O consumidor de baixa renda não compra o mais barato, mas sim aquele produto que tem a melhor relação custo benefício. Se o produto tem boa qualidade, ele topa pagar mais caro”, comenta Meirelles.

“Olha, moça, pode ter tudo aí dentro, mas duvido que cocada de maracujá tão boa quanto a minha vai ser encontrada”, diz o vendedor Antonio Sousa Cardoso, que trabalhava tranquilamente no porto enquanto o barco da multinacional visitava a cidade. Gleison Nazareno, vendedor de Cremosinho, sorvete de iogurte com preço unitário de 0,50, também não se assustou com a “concorrência” da imponente embarcação. “Vou continuar vendendo meu sorvete para sair da lisura”, diz, entre risos. Por ora, há espaço, e poder de consumo, nos dois lados.

*A jornalista viajou a convite da Nestlé.

Por Ana Luísa Vieira, de Belém (PA).

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.cartacapital.com.br.

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Projeto leva serviços bancários a mil pessoas por semana na zona sul da cidade de São Paulo; a iniciativa é dos trabalhadores bancários em conjunto com o Banco do Brasil

“Olhar Local”, iniciativa de sindicato, cooperativa de crédito e do Banco do Brasil, leva microcrédito e orientação a futuros empreendedores em Parelheiros

São Paulo – O posto de atendimento do “Olhar Local” em Cratera da Colônia, zona sul da capital paulista, atingiu 2 mil pessoas nas duas primeiras semanas de funcionamento. O resultado superou as expectativas iniciais do projeto, que consiste em um centro de desenvolvimento local, com serviços bancários, microcrédito e orientação a empreendedores da região. Para o mês de junho, a projeção é de 5 mil atendimentos.

Localizada no distrito de Parelheiros, os moradores do bairro não têm acesso a crédito e serviços bancários, porque as agências mais próximas ficam distantes. O “Olhar Local” é uma iniciativa da Cooperativa de Crédito dos Bancários (Bancredi), do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e do Banco do Brasil.

Para Luiz Cláudio Marcolino, ex-presidente do Sindicato dos Bancários, o bom desempenho do projeto se deve principalmente à integração com a comunidade. “O sucesso atual do Olhar Local está vinculado ao processo anterior que foi o diálogo com a comunidade de Cratera da Colônia”, aponta. “Este é um projeto voltado a valorizar a comunidade e propiciar melhores perspectivas de vida nos próximos anos”, destaca.

Além disso, Marcolino afirma que a comunidade tem grande potencial para a economia solidária. “Cratera da Colônia é uma comunidade estruturada e participativa, justamente por isso foi escolhida para o projeto-piloto do Olhar Local”, acentua.

“O projeto foi criado para suprir a necessidade de bancarização e, em consequência, melhorar a vida de populações não atendidas até então por esses serviços”, indica Flávio Moraes, presidente da Bancredi. “Temos percebido que os moradores reuniam contas de vários meses para pagar porque o banco mais próximo fica a 20 quilômetros”, exemplifica.

“Os moradores estão começando a descobrir o posto bancário, o que deve aumentar muito mais a procura”, estima Moraes.
Expansão

Ainda em junho, a população de Cratera da Colônia vai contar com novos serviços como pagamentos de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para aposentados e pensionistas.

Na primeira quinzena de julho entra em operação a central de capacitação do projeto. “Trata-se da concessão de microcrédito de modo diferenciado, quer dizer, de forma produtiva e orientada”, define Moraes. “O crédito só é liberado depois da construção de um plano de negócios e orientação”, esclarece.

O microcrédito vai funcionar por meio de um programa do Banco do Brasil chamado Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS), que prevê geração de trabalho e renda com taxas reduzidas para atender a comunidade.

O centro de desenvolvimento local também é um polo gerador de empregos. Isso porque os profissionais contratados para o posto são moradores da região.

Segundo Moraes, até 2011, o “Olhar Local” vai atingir mais nove bairros. “Vamos trabalhar em comunidades excluídas de serviços financeiros”, frisa.

Números

* Inaugurado em 8 de maio, 60% dos atendimentos do “Olhar Local” ocorreram para pagamento de convênios (água, luz, telefone),
* 35% para boletos de outros bancos e
* 5% boletos do Banco do Brasil.

Milhões de anos

Cratera da Colônia fica na região de Parelheiros, zona sul da capital paulista, e apresenta uma cratera de mais de 3 km de diâmetro, resultado do impacto de um meteoro com a Terra há aproximadamente 20 milhões de anos.

O bairro fica a 55 km do marco-zero de São Paulo, na praça da Sé.

Em Cratera da Colônia vivem cerca de 35 mil pessoas.

Por: Suzana Vier, Rede Brasil Atual. Publicado em 18/06/2010, 15:04. Última atualização às 19:42

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.redebrasilatual.com.br.

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Moedas sociais substituem real em cinco comunidades paulistas

São Paulo – Apuanãs, freires, sampaios, vistas lindas ou moradias em ação. Em algumas comunidades dentro de São Paulo, a moeda preferencial deixou de ser o real.

No Jardim Maria Sampaio, na zona sul da capital, a moeda que circula desde setembro do ano passado é o sampaio. No Jardim Filhos da Terra, na zona norte, os comerciantes passaram a aceitar os apuanãs. Junto com os freires (do Jardim Inácio Monteiro, na zona leste), os vistas lindas (do Jardim Donária, na zona oeste) e os moradias em ação (do Jardim São Luiz, na zona sul), o sampaio e o apuanã compõem as cinco moedas sociais aceitas pelo comércio de São Paulo desde meados do ano passado.

Em todo o Brasil, existem atualmente 51 moedas sociais. Elas não substituem o real – a ideia é que funcionem de modo complementar à moeda nacional, mas desenvolvendo as economias locais. Para isso, é preciso que tenham lastro em real, ou seja, para cada uma das moedas sociais usadas, deve-se ter “guardada” uma moeda em real.

Reconhecidas pelo Banco Central, as moedas sociais só podem existir em comunidades que tenham uma forte associação de moradores.

Elas podem ser vinculadas a pelo menos duas estratégias: aos clubes de trocas ou aos bancos comunitários. “A ideia é trazer de volta a moeda como um instrumento de troca, potencializando sua circulação e reduzindo a ideia de acumulação”, explicou a psicóloga Juliana de Oliveira Barros Braz, doutoranda em psicologia social e pesquisadora do Núcleo de Economia Solidária da Universidade de São Paulo (USP).

“A idéia é que as pessoas comprem e façam circular essa moeda porque acumular [a moeda social] não tem muito sentido”, afirmou Juliana, em entrevista à Agência Brasil. “É um estímulo ao consumo local, no próprio bairro, um estímulo ao desenvolvimento econômico na comunidade.” Segundo a psicológa, o sistema tem ainda uma função de identidade, ou seja, faz com que as pessoas consumam no bairro onde moram, usando uma moeda que tem o nome do bairro.

Para estimular a população a usar a moeda social, os comerciantes apelam para os descontos. Com isso, o dinheiro passa a ficar na própria comunidade. “Os bairros não são pobres. As pessoas é que perdem a poupança quando consomem fora dele. Quanto mais dinheiro ficar na comunidade, mais ele vai circular internamente e mais riqueza vai gerando. Quanto mais vezes ele passar de mão em mão, mais se estará gerando valor e riqueza”, disse a pesquisadora.

Além dos descontos, para fazer crescer o uso dessas moedas são realizados mapeamentos de consumo e produção para avaliar a necessidade dos consumidores e se há produção suficiente na comunidade para atendê-los.

A comunidade também se organiza em fóruns para discutir questões como os juros e as diretrizes dos bancos comunitários na concessão do crédito. “Não estamos preocupados se você tem o nome sujo no SPC [Serviço de Proteção ao Crédito], na Serasa [Centralização dos Serviços Bancários S/A], se está em atraso com as prestações de uma loja. Isso não seria motivo para a pessoa não obter crédito. A forma de concessão é o aval da própria comunidade”, explicou,

O primeiro banco comunitário brasileiro foi o Banco Palmas, que surgiu em 1998 no Conjunto Palmeira, bairro da periferia de Fortaleza. Em 2003, a comunidade se organizou e criou o Instituto Palmas, que hoje serve de apoio para o surgimento de outros bancos comunitários. A expectativa para os próximos dois anos, segundo Juliana, é de que sejam criados mais 100 bancos comunitários em todo o Brasil.

Por Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil. Edição: Nádia Franco.

NOTÍCIA COLHIDA NO SÍTIO www.agenciabrasil.gov.br.

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