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Eventos no Paraná destacam lutas das mulheres trabalhadoras

Eventos debateram a organização das bancárias no Estado e os 30 anos de lutas das trabalhadoras paranaenses

Eventos debateram a organização das bancárias no Estado e os 30 anos de lutas das trabalhadoras paranaenses

TERÇA-FEIRA, 28/03/2017

A Fetec-CUT/PR promoveu no dia 24 de março, em Curitiba, o 4º Encontro de Mulheres Bancárias, com a participação de dirigentes sindicais das 10 bases cutistas do Estado.

O evento deu sequência às atividades em comemoração ao Dia Internacional da Mulher e debateu estratégias de defesa dos direitos trabalhistas conquistados com muita luta e de resistência contra o modelo de reforma da Previdência apresentado pelo governo Michel Temer (PMDB), além de ações voltadas pelo fim da violência contra as mulheres.

Segundo Nágila Slaibi, diretora do Sindicato de Londrina, foi destaco nas discussões a penalização da mulher trabalhadora com a proposta de Temer para a Previdência, que prevê o mesmo tempo de contribuição e de idade para se aposentar.

“Atualmente a mulher recebe uma remuneração 25% menor do que o homem e ainda é submetida a duas jornadas diárias, mas não levaram isso em consideração na hora de formular essa reforma”, critica.

30 anos de luta

Paralelamente ao Encontro das Mulheres Bancárias, também foi realizado em Curitiba, nos dias 24 e 25/03, o Seminário de “30 anos de Políticas para as Mulheres do Estado do Paraná”, organizado pela CUT Paraná.

Estiveram presentes mais de 100 pessoas de diversas categoriais profissionais, que assistiram aos debates, apresentações culturais e homenagens para mulheres que se descararam nas lutas ao longo da história da CUT Paraná.

Também teve lançamento do Clube de Leitura Feminista 100 anos da Revolução e do Livro de Poesias Feministas Cutistas, além de oficinas da Economia Solidaria e de uma Pedalada, que encerrou a Programação do evento.

O Seminário teve a participação da secretária Nacional de Mulheres da CUT, Juneia Batista, da secretária de mobilização e relação com os movimentos sociais da CUT, Janeslei Albuquerque, do presidente da Contraf-CUT, Roberto Von der Osten, dentre outros convidados.

“Estes eventos foram muito importantes para intensificar as lutas das mulheres neste momento delicado pelo qual passamos, com ataques contra as conquistas obtidas nos últimos anos”, avalia Nágila.

Ao final dos painéis foi aprovada uma Carta com encaminhamentos aprovados durante o Seminário “30 anos de Políticas para as Mulheres do Estado do Paraná” (leia abaixo):

Ousar Avançar, realidade e desafios da organização sindical feminista

Nos dias 24 e 25 de março de 2017 as mulheres do Paraná analisaram que aos trinta anos de políticas para mulheres na Central Única dos Trabalhadores, as trabalhadoras têm que comemorar os avanços representados na ampliação da nossa participação nos espaços de debate e de construção da nossa central.

Uma importante e significativa conquista é a garantia da paridade nas direções das instâncias estadual e nacional.

Esta política tem reflexos também no interior das entidades filiadas. Nossos sindicatos, nos diferentes ramos de atividade, são estimulados ao debate e a construção de mecanismos que garantam a participação das mulheres nos espaços de direção e de decisão, bem como a construção da luta cotidiana da classe trabalhadora.

Comemorar o que foi conquistado, sem negar e sem acomodar-se diante dos muitos desafios que ainda devemos enfrentar para avançar, para que no conjunto da luta das entidades sindicais e das lutas gerais da classe trabalhadora, seja feito o necessário recorte de gênero, com vistas a identificar e construir alternativas que nos permita chegar a uma efetiva e reconhecida participação das mulheres, em igualdade de condições.

Que o movimento sindical seja capaz de identificar que o processo histórico machista criou condições de participação aos homens, mas sem possibilitar que as mulheres tivessem as mesmas oportunidades. Em muitos Sindicatos são os homens que participam das atividades, enquanto as mulheres estão em casa cuidando dos filhos, no trato com educação, saúde, além dos afazeres domésticos de cuidados do dia-a-dia da casa.

A política de cotas, que chegou à paridade, foi uma afirmação necessária para mudar essa realidade. Ainda é um grande desafio assegurar que as vagas sejam efetivamente ocupadas, com criação de condições práticas para a participação, formação e intervenção na construção da luta. Para além disso, reafirmamos que é necessário construir as formas de participação da mulher jovem, negra, indígena, LGBT e do todos os segmentos para que o movimento sindical seja efetivamente representativo da diversidade da Classe Trabalhadora.

A efetiva participação das mulheres nos espaços de debate, de elaboração e de condução da luta é fundamental para fortalecer a organização da classe trabalhadora para enfrentar a conjuntura política e econômica atual, de verdadeiros ataques e retrocessos nos direitos trabalhistas e sociais, conquistados por meio de muita luta.

Para enfrentar as reformas e o fortalecimento do capital, o avanço do conservadorismo e do fundamentalismo que busca acima de tudo, recriar um sociedade de controle sobre as mulheres e sobre a classe trabalhadora, é essencial o empoderamento das mulheres como sujeitas construtivas da história e da organização da classe trabalhadora.

O momento é desafiador e nós, mulheres CUTistas, estamos na luta, no enfrentamento necessário ao capital e ao machismo. Mulheres educadoras, bancárias, petroleiras, trabalhadoras rurais, vigilantes, servidoras publicas estaduais e municipais, sociólogas e economistas, enfim, de todas as categorias estamos nestes espaços porque queremos melhores condições de vida, não apenas nossas, mas de toda a sociedade brasileira.

Tendo em vista a necessidade de um sindicalismo forte, diante das mais duras propostas de reformas trabalhista, que propõe na verdade uma alteração total da postura do Estado brasileiro com relação à proteção social e ao estado de bem estar social. Além de construir uma estratégia de enfrentamento a segurar essas propostas conservadoras, e inclusive após quatro centrais se posicionarem dispostas a flexibilizar a negociação sobre as mudanças na legislação trabalhista, mais do que nunca a CUT deve retomar a defesa do Fim do Imposto Sindical.

Ainda no campo da pressão sobre as construções políticas, deliberamos sobre a necessidade de atuação nos Conselhos Municipais, Estaduais e Municipais de construção e controle de Políticas Públicas, inclusive apontamos a necessidade de ampliar as formações para conselheiras e conselheiros CUTistas.

No último dia 22 de março, enquanto a mídia distraia a população com a polêmica da “Operação Carne Fraca”, que aponta mais uma vez as péssimas condições de alimentação que nós brasileiras, foi aprovado no Congresso Nacional o PL 4302.

A CUT passou anos realizando o enfrentamento ao PL 4330, em que mesmo a base de muita repressão, conquistamos vitórias em sequência ao manter o projeto fora de votação. Mas, então, fomos atropelados por esta ação criminosa com aprovação desta lei. Este novo PL colocará em risco toda nossa organização sindical e os direitos das trabalhadoras e trabalhadores.

As mulheres presentes neste seminário avaliam ser absolutamente necessário buscar alternativa de alterar essa nova condição, uma delas seria caminhar para fortalecimento da representação CUTista dos terceirizados.

Sobre a reforma da previdência as mulheres avaliam que por ser um dos maiores ataques aos direitos da classe trabalhadora, em especial aos diretos das mulheres, esta é uma oportunidade única de diálogo com a sociedade sobre o conceito de Estado protetor, que garante os direitos da Constituição Federal de 88 e um Brasil sem desigualdades.

É nossa maior oportunidade de mobilização! Neste sentido as tarefas serão grandes, devemos criar comitês de defesa da aposentadoria em todos os sindicatos e trabalhar muito o tema em nossas bases. Mais:  precisamos ir às ruas!

Retornar aos tempos das banquinhas fixas nas grandes praças de ônibus e maior pontos de circulações das cidades para panfletar e dialogar com a população sobre o tema. Tarefa para todas e todos! Um dos grandes desafios é a participação políticas das mulheres, o Brasil continua sendo um dos países de menor representação feminina nos cargos de poder federal, estadual e municipal.

Para mudar essa realidade precisamos alterar a cultura que política não é lugar de mulher e empoderá-las para ocuparem estes espaços. Precisamos apoiar as campanhas femininas.

Afinal, somos tão boas de limpeza que devemos usar esta habilidade para limpar essa política suja. Mulheres vamos ocupar os espaço que nos pertencem! Dentro na nossa organização cutista na construção do fortalecimento das mulheres um dos encaminhamentos é a discussão sobre a presença das mulheres nos cargos qualificados, presidências, tesourarias e secretarias gerias, quem sabe até com alternância.

Precisamos intensificar a formação sindical para as mulheres, para que se sintam cada vez mais fortalecidas para luta e principalmente precisamos ampliar o debate racial em nossa Central. Os dias 8 e 15 de março foram exemplos que as mulheres brasileiras estão atentas a conjuntura e disposta a realizar a luta pela garantia dos direitos da Classe Trabalhadora! Que esses dias de luta nos dê o gás necessário para os próximos passos dessa batalha.

Avante mulheres da CUT!

 

Por Armando Duarte Jr.

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