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Tsunami no Brasil

Por MAURO SANTAYANA

Algum dia saberemos o prejuízo do povo brasileiro com a tsunami das privatizações e outros abalos que provocaram a destruição do Estado e a grande tragédia nacional que foi o governo Fernando Henrique Cardoso.

As companhias de seguro estão calculando em menos de 15 bilhões de dólares os prejuízos causados pela elevação das águas do Oceano Índico. Algum dia saberemos o prejuízo do povo brasileiro com a tsunami das privatizações e outros abalos que provocaram a destruição do Estado e a grande tragédia nacional que foi o governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso. Ou seja, apenas com uma parcela do que perdemos nas privatizações, poderíamos reconstruir os luxuosos hotéis asiáticos, os portos, as embarcações, as pontes, as ferrovias, as rodovias, as centenas de milhares de casas, escolas e hospitais. Só os juros anuais, da dívida decuplicada pelo Sr. Fernando Henrique Cardoso, nos custam, a cada ano, cerca de 150 bilhões de dólares.

Bom exemplo da irresponsabilidade do governo chefiado pelo excelso intelectual foi o contrato firmado – sob a ordem direta do chefe do governo – pela Petrobrás com a norte-americana El Paso . No açodamento típico de quem quer entregar tudo, e rápido, o governo aceitou as cláusulas mais escandalosas no acordo para a construção de termelétricas com a empresa, entre elas a do “take or pay”: ou seja, mesmo não havendo produção de energia, por falta de demanda, deverá pagar por ela, como se tivesse sido gerada e utilizada. Fez também um contrato idêntico com o empresário Elke Batista, para a construção de outra usina.

Pelos contratos, a Petrobrás é sócia das duas empresas no negócio, mas assume todos os riscos, previstos no contrato, durante cinco anos. Em resumo, a empresa já pagou o valor das usinas, a título de indenização pelo não faturamento, e pagará duas vezes mais, nos próximos três anos, findos os quais todas as instalações ficarão com os felizes sócios da viúva. Por isso, a empresa está disposta a denunciar os contratos e impedir a continuação da sangria. O prejuízo, até agora, foi de 1,9 bilhões de reais. Se não houver um basta, o prejuízo ultrapassará os 4 bilhões de reais.

A atual direção da Petrobrás decidiu ir às últimas instâncias a fim de preservar o interesse nacional. Entre outras saídas está a de comprar as instalações. Aliás, a Petrobrás já foi obrigada a comprar a Eletrobolt, que era uma subsidiária da Enron, e foi adquirida da massa falida, após a grande fraude, que levou a empresa à quebra, e que também envolvia o governo norte-americano. De qualquer forma, o dano já foi causado, e ultrapassa bilhões de dólares.

O caso Halliburton

Mas não se limita a isso o assalto à Petrobrás pelos entreguistas do governo passado. A empresa foi obrigada pelo governo a contratar com a Kellog, Brown & Root, subsidiária da Halliburton (isso mesmo, a Halliburton de Dick Cheney e, indiretamente, de Mr. Bush) a construção de duas grandes plataformas marítimas para os campos de Barracuda – Caratinga, pelo custo de 2.5 bilhões de dólares. Uma delas deveria ser entregue neste ano de 2004, e outra no ano próximo. Com o acréscimo de produção, o Brasil obteria a auto-suficiência em petróleo já no ano que se inicia. Como a Kellog e a Halliburton se encontram mais ocupadas no Iraque do que em qualquer outra parte do mundo, a construção das plataformas se encontra atrasada em muitos e muitos meses. A Petrobrás está processando a Halliburton, a fim de ser indenizada dos prejuízos, mas o prejuízo maior, o do Brasil, não pode ser contabilizado.

Cadeia é pouco

A CPI do Banestado chegou a um impasse. O Sr. Antero Paes de Barros, com o objetivo, claro, de livrar o Sr. Gustavo Franco de um processo judicial necessário, está tentando melar o resultado das investigações, apresentando um relatório paralelo. Ora, o Sr. Paes de Barros não é relator. Não lhe cabe tal tarefa. O relatório oficial é o do Sr. José Mentor, que prova, à exaustão (principalmente a partir do depoimento do próprio implicado), a responsabilidade do então presidente do Banco Central pelas facilidades obtidas pelos lavadores de dinheiro na fronteira com o Paraguai.

O Parlamento não pode aceitar o encerramento da CPI sem que haja a aprovação ou a rejeição do relatório oficial. É por essas e por outras que o prestígio do Poder Legislativo junto à opinião pública não é dos maiores.

Espera-se, no entanto, que – mesmo sem relatório final, se o relatório Mentor não for levado a plenário – seja encontrada uma forma para que os indícios e provas sejam encaminhados ao Ministério Público, e, mediante a instituição, à Polícia Federal. De qualquer maneira, conforme a lei, qualquer um pode denunciar qualquer crime à Justiça. Não é necessário que a CPI o faça formalmente.

Para esses criminosos de colarinho branco, cadeia é pouco.

Mauro Santayana, jornalista, é colaborador do Jornal da Tarde e do Correio Braziliense. Foi secretário de redação do Última Hora (1959), correspondente do Jornal do Brasil na Tchecoslováquia (1968 a 1970) e na Alemanha (1970 a 1973) e diretor da sucursal da Folha de S. Paulo em Minas Gerais (1978 a 1982). Publicou, entre outros, “Mar Negro” (2002).

Notícia extraída do sítio www.agenciacartamaior.com.br.

Por 19:27 Notícias

Tsunami no Brasil

Por MAURO SANTAYANA
Algum dia saberemos o prejuízo do povo brasileiro com a tsunami das privatizações e outros abalos que provocaram a destruição do Estado e a grande tragédia nacional que foi o governo Fernando Henrique Cardoso.
As companhias de seguro estão calculando em menos de 15 bilhões de dólares os prejuízos causados pela elevação das águas do Oceano Índico. Algum dia saberemos o prejuízo do povo brasileiro com a tsunami das privatizações e outros abalos que provocaram a destruição do Estado e a grande tragédia nacional que foi o governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso. Ou seja, apenas com uma parcela do que perdemos nas privatizações, poderíamos reconstruir os luxuosos hotéis asiáticos, os portos, as embarcações, as pontes, as ferrovias, as rodovias, as centenas de milhares de casas, escolas e hospitais. Só os juros anuais, da dívida decuplicada pelo Sr. Fernando Henrique Cardoso, nos custam, a cada ano, cerca de 150 bilhões de dólares.
Bom exemplo da irresponsabilidade do governo chefiado pelo excelso intelectual foi o contrato firmado – sob a ordem direta do chefe do governo – pela Petrobrás com a norte-americana El Paso . No açodamento típico de quem quer entregar tudo, e rápido, o governo aceitou as cláusulas mais escandalosas no acordo para a construção de termelétricas com a empresa, entre elas a do “take or pay”: ou seja, mesmo não havendo produção de energia, por falta de demanda, deverá pagar por ela, como se tivesse sido gerada e utilizada. Fez também um contrato idêntico com o empresário Elke Batista, para a construção de outra usina.
Pelos contratos, a Petrobrás é sócia das duas empresas no negócio, mas assume todos os riscos, previstos no contrato, durante cinco anos. Em resumo, a empresa já pagou o valor das usinas, a título de indenização pelo não faturamento, e pagará duas vezes mais, nos próximos três anos, findos os quais todas as instalações ficarão com os felizes sócios da viúva. Por isso, a empresa está disposta a denunciar os contratos e impedir a continuação da sangria. O prejuízo, até agora, foi de 1,9 bilhões de reais. Se não houver um basta, o prejuízo ultrapassará os 4 bilhões de reais.
A atual direção da Petrobrás decidiu ir às últimas instâncias a fim de preservar o interesse nacional. Entre outras saídas está a de comprar as instalações. Aliás, a Petrobrás já foi obrigada a comprar a Eletrobolt, que era uma subsidiária da Enron, e foi adquirida da massa falida, após a grande fraude, que levou a empresa à quebra, e que também envolvia o governo norte-americano. De qualquer forma, o dano já foi causado, e ultrapassa bilhões de dólares.
O caso Halliburton
Mas não se limita a isso o assalto à Petrobrás pelos entreguistas do governo passado. A empresa foi obrigada pelo governo a contratar com a Kellog, Brown & Root, subsidiária da Halliburton (isso mesmo, a Halliburton de Dick Cheney e, indiretamente, de Mr. Bush) a construção de duas grandes plataformas marítimas para os campos de Barracuda – Caratinga, pelo custo de 2.5 bilhões de dólares. Uma delas deveria ser entregue neste ano de 2004, e outra no ano próximo. Com o acréscimo de produção, o Brasil obteria a auto-suficiência em petróleo já no ano que se inicia. Como a Kellog e a Halliburton se encontram mais ocupadas no Iraque do que em qualquer outra parte do mundo, a construção das plataformas se encontra atrasada em muitos e muitos meses. A Petrobrás está processando a Halliburton, a fim de ser indenizada dos prejuízos, mas o prejuízo maior, o do Brasil, não pode ser contabilizado.
Cadeia é pouco
A CPI do Banestado chegou a um impasse. O Sr. Antero Paes de Barros, com o objetivo, claro, de livrar o Sr. Gustavo Franco de um processo judicial necessário, está tentando melar o resultado das investigações, apresentando um relatório paralelo. Ora, o Sr. Paes de Barros não é relator. Não lhe cabe tal tarefa. O relatório oficial é o do Sr. José Mentor, que prova, à exaustão (principalmente a partir do depoimento do próprio implicado), a responsabilidade do então presidente do Banco Central pelas facilidades obtidas pelos lavadores de dinheiro na fronteira com o Paraguai.
O Parlamento não pode aceitar o encerramento da CPI sem que haja a aprovação ou a rejeição do relatório oficial. É por essas e por outras que o prestígio do Poder Legislativo junto à opinião pública não é dos maiores.
Espera-se, no entanto, que – mesmo sem relatório final, se o relatório Mentor não for levado a plenário – seja encontrada uma forma para que os indícios e provas sejam encaminhados ao Ministério Público, e, mediante a instituição, à Polícia Federal. De qualquer maneira, conforme a lei, qualquer um pode denunciar qualquer crime à Justiça. Não é necessário que a CPI o faça formalmente.
Para esses criminosos de colarinho branco, cadeia é pouco.
Mauro Santayana, jornalista, é colaborador do Jornal da Tarde e do Correio Braziliense. Foi secretário de redação do Última Hora (1959), correspondente do Jornal do Brasil na Tchecoslováquia (1968 a 1970) e na Alemanha (1970 a 1973) e diretor da sucursal da Folha de S. Paulo em Minas Gerais (1978 a 1982). Publicou, entre outros, “Mar Negro” (2002).
Notícia extraída do sítio www.agenciacartamaior.com.br.

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